As indústrias do Grande ABC já fecharam, neste ano até outubro, 27.850 postos de trabalho, o que significa aproximadamente 93 vagas a menos por dia em 2015, ou um emprego cortado a cada 15 minutos.
Os números, de levantamento mensal realizado pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), mostram que a situação das fabricantes vem piorando. De janeiro a setembro, eram 81 vagas eliminadas por dia, ou um corte a cada 18 minutos.
Já são nove meses seguidos de redução nos postos de trabalho. Em outubro, de acordo com o levantamento, o saldo (diferença entre admissões e demissões) ficou negativo em cerca de 4.800 vagas, com recuo de 2,37% em relação ao contingente de empregados em setembro. É a pior variação para o mês desde 2006, quando se iniciou esse recorte da pesquisa.
A situação é particularmente difícil, já que os setores industriais mais atingidos são justamente os mais importantes da economia da região: os ligados à cadeia automotiva, entre os quais a fabricação de veículos e autopeças, produtos de borracha e material plástico e itens de metal.
E entre os locais mais afetados, no mês passado, a regional do Ciesp de Santo André (que engloba fabricantes também de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) registrou o fechamento de 2.100 vagas, enquanto a de Diadema – que abrange só as indústrias dessa cidade –, apurou o corte de 2.000 postos. Em São Bernardo, houve a eliminação de 650 e em São Caetano, outros 50.
“A situação está se complicando cada vez mais”, afirma o diretor da regional da entidade em Diadema, Donizete Duarte da Silva, que não tem perspectivas muito animadoras. “Não chegamos ainda no fundo do poço, ainda tem muita indústria que vai quebrar”, avalia. Ele acrescenta que, com a forte retração nas vendas de veículos – neste ano, de acordo com números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o mercado de carros zero de janeiro a outubro encolheu 24% na comparação com mesmo período de 2014 –, as pequenas fabricantes de autopeças do município estão sofrendo com a queda nas encomendas.
“Tem muitas empresas que não sabem se vão conseguir pagar o 13º salário dos funcionários; os bancos não estão liberando crédito, por causa do cenário da economia e pelo alto índice de inadimplência”, afirma, por sua vez, o diretor da regional do Ciesp de Santo André, Emanuel Teixeira. Ele assinala que os números são ruins sobre uma base de comparação que já não era boa, que foi 2014. “Quem produz hoje tem problema de falta de demanda e também de custos crescentes, sendo que os clientes grandes pressionam por redução de preços”, cita.
REAGE ABC – Teixeira é um dos organizadores do Movimento Reage ABC, criado para buscar saída para estimular a economia da região nesse cenário de crise. Ele afirma que o setor empresarial, com apoio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, continua se articulando para tentar emplacar, junto ao governo federal, projeto que resgate as cadeias produtivas das sete cidades. Os detalhes desse plano, no entanto, ainda não foram divulgados.