Esqueça a cena bucólica da senhora oferecendo pipoca aos pombos em um fim de tarde. Desde 6 de julho é proibido alimentar as aves em áreas públicas de Guarulhos, na Grande São Paulo, como praças e calçadas.
A lei foi criada pelo vereador Toninho da Farmácia (PRP) e sancionada pelo prefeito Sebastião Almeida (PT). A prefeitura ainda avalia de qual forma será feita a fiscalização. Por enquanto, apenas definiu que haverá advertência e, em caso de reincidência, aplicação de multa de R$ 397.
“Vários vereadores falaram que eu não tinha o que fazer quando defendi por mais de uma hora a criação desse projeto, não deram a devida importância. Sou a favor da proteção dos animais e também da saúde. É um projeto que visa muito mais a conscientização das pessoas”, afirma o vereador. O legislador espera que a fiscalização comece até outubro e defende que a lei não surgiu de achismos, pois estudos comprovam que os pombos transmitem doenças como meningite, dermatites e alergias.
Ele alega que parar de alimentá-los faria com que as aves deixem a cidade e migrem para as matas e zonas rurais. “Quando os pombos vivem em seu habitat natural, podem chegar aos 15 anos. Nas zonas urbanas vivem no máximo até os 5 anos, por conta de intoxicações e de acidentes, como atropelamentos”, afirma. Guarulhenses ouvidos pelo blog Mural se dividiram sobre o projeto, mas a maioria considerou a existência e aplicação da lei confusa. A fonoaudióloga Karina Reis, 29, moradora da Vila Andrade, concorda. “Li que se os pombos não são alimentados eles voltam para as matas. Se for isso mesmo, acho boa a ideia da lei, porque pombos trazem doenças”. Contudo, ela diz não acreditar que os animais sejam um problema tão grave na cidade. “Trabalho perto da praça Getúlio Vargas (centro) e não vejo tantos.
Vejo menos ainda pessoas alimentando os poucos que aparecem”. “Sobre as doenças, não acho um bom argumento. Tem muitos animais que transmitem doenças e não são ‘expulsos’. E não alimentar não quer dizer que eles não conseguirão alimentos”, diz a professora Carolina Cristovão de Macedo, 27. Eloisa Kuhn, 25, da Vila Santo Antônio, tem medo de pombos, mas é bastante crítica em relação à lei.
“Se proibir a alimentação for diminuir a proliferação deles, sou a favor, porém não é só isso. Todo lugar que existe pombos tem sujeira e eles se alimentam disso: de água suja, resto de qualquer coisa, lá estão eles bicando o chão em busca de alguma coisinha”, diz a engenheira. “Antes de proibir a alimentação deles, por que não proibir sujar ruas, praças e locais públicos em geral? Daí sim”, conclui.