Perspectiva neutra indica que país não será rebaixado no curto prazo. Planalto credita relatório menos negativo sobre a economia brasileira a trabalho de Levy
Essa foi a reação do Palácio do Planalto à decisão da agência de classificação de risco Moody’s que, apesar de rebaixar a nota de crédito brasileira, manteve o país como grau de investimento e mudou a perspectiva para a próxima revisão de negativa para neutra. Um assessor presidencial lembra que, há até pouco tempo, havia o temor de a agência cortar em dois degraus a avaliação brasileira, o que tiraria do país o selo de bom pagador. Ou, então, manter a perspectiva da nota do Brasil em negativa.
Em outras palavras, o governo classifica que o “downgrade” da Moody’s acabou ficando com um certo cheiro de “upgrade”, já que o pior cenário não se materializou.
Na avaliação do Palácio do Planalto, isso foi resultado do trabalho desenvolvido pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) em reuniões com a equipe da Moody’s.
A agência acabou fazendo um relatório não tão negativo para o país, apesar da piora nas contas públicas, que fará a estabilidade da dívida pública demorar mais que o previsto para ser alcançada.
A equipe presidencial avalia que ganhou de seis a nove meses para melhorar o desempenho da economia e afastar o risco de perda do grau de investimento.
Antes desse período, a agência de classificação não deve fazer nenhuma alteração da nota brasileira, a não ser que os cenários econômico ou político tenham uma piora aguda no curto prazo.
A REGRA É CLARA
Logo depois do anúncio da decisão, Joaquim Levy ressaltou que a Moody’s indicou de forma clara o que o país precisa fazer para evitar a perda do grau de investimento.
“Eu acho que a declaração da Moody’s explica exatamente os pontos que ela achou relevante, é uma declaração bastante detalhada, transparente, e que dá indicação das prioridades que a gente tem que ter em relação a manter a qualidade da nossa dívida pública”, disse o ministro da Fazenda.
Para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o rebaixamento não implicará perda de investimentos.
“A recuperação do crescimento, além do nível elevado de reservas internacionais, dá solidez para a economia e também garante a estabilidade fiscal e monetária, e isso preserva o investidor”, comentou no perfil do ministério no Twitter.
Barbosa afirmou que a expectativa de inflação para 2016 já melhorou e que os investidores terão avaliação mais favorável à medida que os resultados do ajuste em curso aparecerem.