O declínio das atividades do setor de serviços registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reflete a recessão grave tanto da indústria como do comércio, dos quais os serviços dependem.
Uma boa medida da piora está no volume de serviços de transportes e correios, que caiu 4,4% entre agosto de 2014 e agosto de 2015, sob a influência do transporte terrestre, com recuo de 10,5% na mesma base de comparação.
Foram mais favoráveis os dados dos transportes aéreo e aquaviário, mas o transporte rodoviário é o principal responsável pelo deslocamento de cargas agrícolas e industriais – e ajudou a empurrar para baixo os indicadores do setor terciário, responsável por mais de 2/3 do PIB. Nem o transporte da produção agrícola compensou a queda da indústria de transformação. Como notaram os técnicos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, os dados mostram que “o curso da recessão está em progresso” – longe de acabar, portanto.
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, foi aperfeiçoada, passando a registrar a evolução real da atividade, medida pelo volume de serviços. Até julho, o levantamento se baseava no faturamento nominal. A mudança deixou evidente a queda generalizada – de 3,5% em relação a igual mês de 2014, de 2,6% neste ano e de 1,1% nos últimos 12 meses, sobre os 12 meses anteriores.
Os serviços prestados às famílias estão entre os que mais caíram, mostrando o enfraquecimento da demanda de bares, restaurantes e hotéis e de lavanderias, cabeleireiras, recreação, cinemas, estética ou adestramento de animais domésticos. A menor procura por cursos de línguas mostra os efeitos da recessão sobre a educação, com repercussão sobre o futuro dos trabalhadores.
Pela primeira vez a PMS incorporou os dados do setor de turismo, com declínio ininterrupto desde a Copa do Mundo, em meados do ano passado. Se o declínio (de 1,6% nos últimos 12 meses) não foi mais forte, isso se deve à desvalorização do real, que já propiciou algum alento ao turismo doméstico. Após a queda de 5,7% em julho, na comparação com julho de 2014, o volume de serviços de turismo cresceu 0,1% entre agosto de 2014 e de 2015.
Até 2014, o setor de serviços serviu como anteparo social, ao ajudar a manter os níveis de emprego, embora pague salários menores que os da indústria. Sem vigor, o desemprego medido pela Pnad contínua manterá a tendência de alta observada desde o início do ano.