Governador paulista destacou que desrespeito ao isolamento social piorou a situação e São Paulo vive pior momento da pandemia
O governador destacou como um dos principais motivos para a prorrogação da quarentena o aumento de casos na Grande São Paulo e, principalmente, no interior. Entre 1º e 30 de abril, o interior teve explosão de casos de coronavírus, com aumento de 3.300% – de 129 para 4,3 mil casos. Na Grande São Paulo, o crescimento foi de 770% – de 2,7 mil para 24,3 mil. O estado chegou a 39.928 casos, com 3.206 mortes. Apesar disso, conforme divulgado pelo governo paulista, nenhuma nova medida para aumentar o rigor do isolamento social será tomada.
Segundo o Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi-SP), o percentual de isolamento social no estado foi de 47% nesta quarta-feira (6), índice considerado baixo. “Houve desrespeito à quarentena nas últimas semanas. E isso está relacionado ao aumento de casos. Vários estudos mostram como o isolamento social reduz o contágio. Dados da Universidade de São Paulo (USP) indicam 51 vidas salvas por dia devido ao isolamento social. Nenhum país do mundo relaxou as medidas com a curva de casos crescendo“, destacou Doria.
Cobrança ao governo federal
O governador cobrou publicamente o ministro da Saúde, Nelson Teich, para repasse da ajuda financeira e de materiais ao estado de São Paulo: 100 respiradores, equipamentos de proteção individual (EPIs), habilitação de leitos (que implica em aumento no repasse de verbas), são alguns itens que já foram solicitados. “Enviamos hoje um novo ofício ao ministro. Não é uma questão política. São Paulo é o epicentro da pandemia e esperamos que o ministro tenha postura republicana”, afirmou Doria.
O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, relatou que São Paulo partiu de 810 casos e 40 mortes, em 24 de março, quando a quarentena começou, para 15,9 mil casos e 1.134 mortes, em 22 de abril, quando a possibilidade de relaxamento foi anunciada. E hoje o estado tem 41.830 casos, com 3.416 mortes. “É uma clara piora na situação, com a queda no isolamento”, afirmou. A Grande São Paulo tem 89% das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 74% das enfermarias ocupadas. Em todo o estado, a ocupação é de 70% e 57%, respectivamente.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, reforçou a urgência de a população aderir ao isolamento social para reduzir o contágio. “A projeção feita em março indicava que teríamos 700 mil casos hoje se não houvesse a quarentena. Temos 41 mil. Estimamos que o isolamento social salvou 40 mil vidas que teríamos perdido com o colapso do sistema de saúde”, afirmou.
Segundo Dimas, só será possível melhorar a situação no estado se o isolamento social aumentar. “Temos uma projeção de 11 mil mortes até o final de maio, na situação atual. Só haverá relaxamento nas medidas se a ocupação de UTI for de até 60% e o número de casos registrados por dia tiver queda constante por 14 dias. E isso só vai ser possível com maior isolamento social.”
A coordenadora do Conselho Econômico do governo paulista, Ana Clara Costa, afirmou que o Plano São Paulo, que traz as medidas econômicas de relaxamento da quarentena, está concluído, mas só será aplicado quando houver aval da área da saúde. Serão priorizados 15 setores, em quatro fases de abertura, de acordo com a vulnerabilidade econômica, dentre os quais estão o serviço doméstico, academias e beleza, eventos culturais, comércio, turismo e alimentação.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), reafirmou a quarentena na capital paulista e o novo rodízio de veículos como principal medida para tentar aumentar a adesão ao isolamento social. Ele disse ter recebido ameaças e xingamentos de “milicianos virtuais”, por conta da medida. “Não vamos retroceder nenhum milímetro. São 4.496 mortes entre confirmadas e suspeitas de covid-19. Temos 80% das UTI da cidade ocupadas, sendo que metade dos hospitais estão totalmente ocupados”, afirmou.