O dólar fechou esta quinta-feira (12) perto da estabilidade, em um cenário de baixo volume de negócios e após o tom mais brando do que o esperado no discurso da presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Janet Yellen.

Depois de ter atingido máxima na casa de R$ 3,82, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou a sessão com leve valorização de 0,05%, para R$ 3,778 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, cedeu 0,10%, para R$ 3,767. Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar tinha alta sobre 16 nesta quinta-feira.

Em discurso em Washington, Yellen evitou fazer comentários mais incisivos sobre quando o Fed pretende começar a subir os juros nos EUA. O mercado esperava que ela desse sinais mais claros de que o aperto monetário começaria ainda neste ano.

O presidente do Fed de Nova York, William Dudley, também adotou um tom mais cauteloso em seu discurso nesta sessão. Ele afirmou que o banco central americano precisa “pensar com cuidado” sobre quando dar início ao aumento de juros nos EUA.

Os sinais emitidos por membros do Fed sobre quando e em quanto elevarão os juros do país têm causado turbulência no mercado financeiro. A expectativa é que a alta provoque uma fuga de recursos aplicados em países emergentes para os Estados Unidos, encarecendo o dólar.

Isso porque a mudança deixaria os títulos do Tesouro americano, cuja remuneração reflete a taxa de juros, mais atraentes que aplicações em mercados emergentes, considerados de maior risco. Os juros futuros nos EUA mostram chance de 66% de aumento da taxa de juros americana em dezembro.

Internamente, o mercado digeriu a primeira vitória do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, após crescerem as especulações de sua saída do cargo. A Comissão Mista de Orçamento recuou da decisão de autorizar a União a abater R$ 20 bilhões da sua meta fiscal de 2016 de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Dessa forma, o superavit primário ficará no valor inicialmente previsto, de R$ 43,8 bilhões para todo o setor público, incluindo também Estados e municípios, sendo R$ 34,4 bilhões para o governo federal e R$ 9,4 bilhões de Estados e municípios.

Também reduziu a pressão sobre o câmbio a atuação reforçada do Banco Central no mercado e a aprovação na Câmara dos Deputados do projeto de regularização de capitais brasileiros no exterior, na última quarta-feira (11).

LEILÕES

O Banco Central vendeu nesta sessão até US$ 500 milhões com compromisso de recompra em 2016. Leilões deste tipo fazem parte da estratégia do BC de fornecer recursos para a demanda sazonal de fim de ano, quando aumenta o valor enviado ao exterior para pagamento de dívidas e remessas de lucros, por exemplo.

A autoridade também deu continuidade aos seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 590,8 milhões.

No mercado de juros futuros, as taxas dos contratos fecharam com sinais opostos na BM&FBovespa. O contrato de janeiro de 2016 caiu de 14,220% a 14,219%. Já o DI para janeiro de 2021 apontou taxa de 15,530%, ante 15,590% na sessão anterior.

AÇÕES

O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou os mercados acionários no exterior e fechou no vermelho. O Ibovespa teve baixa de 0,39%, para 46.883 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,9 bilhões.

O desempenho do Ibovespa foi influenciado pelas quedas das ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) da Vale e da Petrobras, de 1,02% e 1,81%, nesta ordem, para R$ 12,57 e R$ 7,58. Já os papéis ordinários dessas companhias, com direito a voto, perderam 1,76% e 2,59%, para R$ 15,05 e R$ 9,02, respectivamente.

O Banco do Brasil, que divulgou resultado nesta sessão, teve desvalorização de 0,29%, para R$ 17,21. Em bases recorrentes —que excluem ganhos e perdas extraordinárias—, o lucro do banco foi de R$ 2,881 bilhões no terceiro trimestre deste ano, praticamente estável na comparação com os R$ 2,885 bilhões de um ano antes.