Relatório do Tesouro Nacional revela que alta representa quase R$ 87,5 bilhões

A dívida pública federal voltou a crescer em junho e fechou o mês em R$ 2,583 trilhões. Segundo relatório divulgado pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira, a alta no estoque foi de R$ 87,46 bilhões, ou 3,5%.

O endividamento cresceu principalmente devido a uma emissão líquida de títulos públicos no valor de R$ 64,06 bilhões. Os juros que corrigem o estoque, por sua vez, somaram R$ 23,40 bilhões e também contribuíram para o aumento.

As emissões de papéis totalizaram R$ 66,58 bilhões em junho. Já os resgates foram de apenas R$ 2,52 bilhões no mesmo período. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF) elaborado pelo Tesouro, a dívida pública deve terminar o ano num intervalo entre R$ 2,45 trilhões e R$ 2,6 trilhões.

Segundo o relatório do Tesouro, a participação dos investidores estrangeiros na dívida ficou praticamente estável em junho. Eles têm nas mãos R$ 493,55 bilhões em títulos públicos, o que representa 20,04% do total. As instituições financeiras continuam sendo os principais detentores de papéis do governo, com 26,51% do total.

Os papéis prefixados, que são mais vantajosos para o governo, aumentaram sua fatia no estoque de 41,92% em maio para 42,52% em junho. Já a participação dos títulos corrigidos pela Selic caiu de 20,21% para 20,15%. Os indexados a índices de preços também diminuíram sua fatia, que baixou de 32,85% para 32,62%.

De acordo com o relatório do Tesouro, a parcela da dívida com vencimento no curto prazo (em até 12 meses) cresceu de 21,07% em maio para 21,19% em junho. Além disso, o prazo médio do endividamento teve redução. Ele passou de 4,69 anos para 4,58 anos. Já o custo médio do estoque da dívida acumulado em 12 meses cresceu em junho. Ele cresceu de 12,58% ao ano para 12,88% ao ano.

Embora o estoque da dívida pública federal esteja muito próximo do limite máximo previsto no Plano Anual de Financiamento de 2015, o coordenador de Operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, afirmou que o teto não será estourado. Ele explicou que há um volume relevante de vencimentos de títulos nos meses de julho, setembro e outubro, o que contribui para que o endividamento recue no segundo semestre.

Secunho informou que em julho, por exemplo, os vencimentos foram de R$ 66 bilhões. Já setembro, o valor previsto é de R$ 58 bilhões e, em outubro, de R$ 142 milhões:

— A expectativa é que terminemos o ano dentro da banda — disse.

Secunho disse que, apesar das turbulências no país, o Tesouro continua observando o interesse dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro. Para o coordenador, a expectativa é que a participação desses aplicadores no estoque da dívida fique estável ou cresça levemente nos próximos meses. Ele acrescentou que o governo continua trabalhando para evitar que o Brasil seja rebaixado pelas agências de classificação de risco.

Perguntado sobre quando o governo vai fazer uma nova emissão de títulos no exterior, o coordenador afirmou que a equipe econômica continua observando as condições de mercado. Ele lembrou que o Tesouro tem em caixa todo o montante necessário para o pagamento da dívida externa em 2015. Essa operação serviria apenas para melhorar a curva de juros e para dar uma referência às emissões de empresas privadas no mercado internacional.

Fonte: Folha de S.Paulo