A manutenção, mais uma vez, da taxa de juros de referência, na reunião de ontem do Federal Reserve, produziu um alívio pontual para as economias emergentes – o Brasil, em especial.

Mas também expressa uma extensão da já longa agonia em que os mercados financeiros dessas economias se encontram desde que a possibilidade do início da normalização da política monetária, nos Estados Unidos, começou a influenciar o mercado financeiro global.

Na leitura do comunicado emitido no encerramento da reunião e nas declarações da presidente do Fed, Janet Yellen, em entrevista à imprensa na sequência, os intérpretes dos movimentos do banco central americano encontraram motivos para considerar que o esperado, mas até aqui adiado, início da retomada da alta dos juros poderia se dar em um dos dois encontros marcados para 2015 – em outubro ou, com maior possibilidade, em dezembro.

Aumentaram, porém, as chances de a decisão ficar para o ano que vem. Opera nessa direção o fato de que, agora, um número menor de membros do Fomc, 13 dos 17, contra 15 deles, nas reuniões de março e junho, esperarem o início das altas ainda este ano.

O documento deixou claro que as incertezas lançadas pelas turbulências no mercado financeiro da China e a tendência de deflação que a perda de ritmo da economia chinesa pode disseminar na economia global pesaram na decisão de manter os juros.

Embora o mercado de trabalho americano venha confirmando sua recuperação, as hesitações do nível de atividades e, sobretudo, a insistência da inflação em continuar abaixo da meta de 2% ao ano reforçaram a convicção de 9 dos 10 dirigentes do Fed habilitados a votar na reunião de ontem de que ainda não chegara a hora de retomar a alta dos juros.

Fonte: O Estado de S.Paulo