Nossa Opinião

Taxa Selic ainda continua alta

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a taxa Selic para 11,75%, mas ainda não é o ideal. Para as pessoas sensatas, não é possível ajudar o empresariado a investir na geração de empregos, com um custo tão alto. Infelizmente, o Banco Central continua ajudando os especuladores a ganhar dinheiro sem fazer nenhum esforço, nem gerar qualquer posto de trabalho.

Para o presidente do SindiQuímicos de Guarulhos e da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico), Antonio Silvan Oliveira, não é possível apostar num parque industrial, com a geração de várias vagas de empregos, ainda com taxa Selic tão alta.

“O governo precisa entender que juro alto só enche o bolso de banqueiro, de especuladores, de pessoa que não faz esforço algum. Apenas usa o dinheiro para especular, sem qualquer compromisso para criar postos de trabalho”, disse.

Segundo ele, é preciso retornar aos patamares de fevereiro de 2020, quando a Selic estava em 4,25% e até 9 de dezembro daquele ano já tínhamos 2,00% de Selic. “Mas a partir de março de 2021, começou a escalada de alta de juros, que saiu de 2,75% e chegou a 9,25% em dezembro de 2021. Não é possível continuar deste jeito. Juro alto só ajuda banqueiro e especulador. Empregador, pelo contrário é castigado”, finalizou.

Escalada de juros

5/2/2020 – 4,25

18/03/2020 – 3,75

06/05/2020 – 3,00

17/06/2020 – 2,25

05/08/2020 – 2,00

16/09/2020 – 2,00

28/10/2020 – 2,00

09/12/2020 – 2,00

20/01/2021 – 2,00

17/03/2021 – 2,75

05/05/2021 – 3,50

16/06/2021 – 4,25

04/08/2021- 5,25

22/09/2021 – 6,25

27/10/2021 – 7,75

08/12/2021 – 9,25

02/02/2022 – 10,75

16/03/2022 – 11,75

04/05/2022 – 12,75

15/06/2022 – 13,25

03/08/2022 – 13,75

21/09/2022 – 13,75

26/10/2022 – 13, 75

07/12/2022 – 13,75

04/02/2023 – 13,75

21/06/2023 – 13,25

02/08/2023 – 13,25

02/09/2023 – 12,75

01/11/2023 – 12,25

13/12/2023 – 11,75

Fonte: Copom/Bacen

Queda de 0,5 ponto era esperada pelo mercado financeiro

O comportamento dos preços fez o Banco Central (BC) cortar os juros pela quarta vez seguida. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros .

Em comunicado, o Copom informou que continuará a promover novos cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões, mas não detalhou quando parará de reduzir a taxa Selic. Segundo o BC, o momento dependerá do comportamento da inflação no primeiro semestre de 2024.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária”, ressaltou o Copom.

A taxa está no menor nível desde maio do ano passado, quando também estava em 11,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto do ano passado a agosto deste ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em novembro, o indicador ficou em 0,28% e acumula 4,68% em 12 meses . Após sucessivas quedas no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na segunda metade do ano, mas essa alta era esperada pelos economistas.

O índice fechou o ano passado acima do teto da meta de inflação. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,75% nem ficar abaixo de 1,75% neste ano.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a estimativa de que o IPCA fecharia 2023 em 5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista para baixo na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de dezembro.

As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,51%, abaixo portanto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,59%.

Crédito mais barato
A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central aumentou para 2,9% a projeção de crescimento para a economia em 2023.

O mercado projeta crescimento semelhante, principalmente após a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas) cresceu 0,1% no terceiro trimestre , enquanto havia expectativa de queda. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,92% do PIB em 2023.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br