Entusiasmado com o respaldo popular à intervenção no Rio de Janeiro, o Planalto montou uma operação emergencial para aprovar, na madrugada desta terça-feira (20), o decreto do presidente Michel Temer. Atendendo a apelo dos líderes da base governista e dos principais articuladores palacianos, os deputados anteciparam o retorno a Brasília  e, por 340 votos a favor e 72 contra (com 1 abstenção), chancelaram a entrega do comando da segurança pública fluminense às Forças Armadas. A sessão teve início às 19h e terminou cerca de sete horas depois. Com a aprovação, o Senado deve votar a medida ainda nesta terça-feira. 

Até o início da noite, contudo, havia receio de que não houvesse quórum para a votação. O número mínimo de parlamentares em plenário (257) só foi alcançado por volta das 20h30min, 90 minutos após o começo da sessão. Na ânsia de atrair os deputados, até mesmo o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disparou telefonemas, pedindo aos parlamentares que adiantassem suas viagens de retorno a Brasília.

O governo não tinha preocupação com os votos. Desde o final de semana havia garantia de maioria consolidada na Câmara e no Senado para aprovação. Até mesmo partidos de oposição a Temer, como Rede e PDT, anunciaram posição favorável.

O apoio da população fluminense à intervenção acabou criando um constrangimento para outras siglas oposicionistas, como PT e PSOL. Os dois partidos pretendiam votar contra a intervenção, mas previram prejuízos eleitorais na disputa pelo governo do Rio.

— A gente não tem de estar sempre de acordo com a maioria. Do jeito que estava não dava para ficar, mas as experiências anteriores de emprego do Exército não são boas — justifica Chico Alencar (PSOL-RJ), cuja legenda recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a votação.