Os estudantes brasileiros e profissionais recém-formados preferem usar a internet para procurar vagas de emprego e aprender mais sobre a empresa onde gostariam de atuar. O site oficial da companhia, no entanto, é o último lugar onde eles vão buscar essas informações.
Segundo levantamento da empresa de ‘employer branding’ Universum, as redes sociais são o meio mais usado pelos jovens brasileiros para aprender sobre potenciais empregadores. No Brasil, 68% dos entrevistados usam esse canal, mais do que a média na América Latina e a que foi registrada nos Estados Unidos, onde as redes sociais são o segundo meio mais consultado.
Sites de emprego são a segunda fonte mais usada no Brasil (43%), também acima da média latino-americana (31%). Anúncios pagos em redes sociais (40%) e sites de orientação de carreira (39%) são outros meios virtuais de preferência dos estudantes. Os sites oficiais das empresas são apenas o sexto canal mais popular, usado por 38%. Na América Latina como um todo, eles são o segundo mais usado, preferência de 55%, e nos Estados Unidos, o mais popular, com 66%.
A Universum entrevistou quase 200 mil estudantes e profissionais recém-formados nos cursos de engenharia, tecnologia e administração da América Latina e EUA, entre eles mais de 30 mil brasileiros. De acordo com Andre Siqueira, diretor da Universum no Brasil, profissionais de outras áreas que também foram consultados pela empresa deram respostas semelhantes.
A preferência pelas redes sociais não surpreendeu o diretor. “No Brasil, usamos a rede social como se fosse uma parte do corpo. O tempo passado nelas é muito mais expressivo do que no resto do mundo”, diz. Companhias já investem nesse canal para atrair talento, por meio de redes como o Facebook, LinkedIn e Instagram, mas Siqueira destaca a importância de entender a proposta de cada canal e ter uma estratégia clara. “É essencial ter consistência na mensagem e uma marca forte. Se a empresa fala de tudo, nada fica.”
Outros canais usados por estudantes na hora da aprender mais sobre as empresas são publicações de organizações estudantis e universidades (39%), anúncios em jornais (38%) e na TV (36%), revistas, guias e livros relacionados a carreira (35%) e palestras ou estudos de caso que fazem parte do currículo dos cursos (34%). Feiras de emprego tiveram apenas 23% da preferência no Brasil, enquanto tiveram média de 35% na América Latina e de 58% nos Estados Unidos.
Para Siqueira, isso decorre do perfil desses eventos nos EUA, onde as empresas mandam recrutadores para fazerem a seleção no próprio evento, enquanto no Brasil a tendência é terceirizar esse tipo de prática. “Aqui, empresas diferentes competem pelo mesmo talento. Por isso, a percepção é que quanto maior o volume de candidatos, melhor. Isso as leva a investir mais em programas de trainee e estágio”, diz.
Em sua opinião, porém, a crise econômica deixará em evidência que esse modelo de atração de talentos não é sustentável. “Saber qual talento a empresa quer e como ela consegue atraí-lo se torna crucial no período em que ela precisa diminuir custos de turnover e de contratação”, diz.