Mesmo assim, estimativa ainda segue bem acima do teto de 6,5%.
Para o PIB deste ano, porém, analistas veem retração maior, de 3,45%.
Após oito semanas de alta na estimativa de inflação deste ano, os economistas do mercado financeiro baixaram a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016, ao mesmo tempo em que também previram uma retração maior do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
As previsões foram feitas na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central, por meio do relatório de mercado, também conhecido como focus. O levantamento foi feito com mais de 100 instituições financeiras.
Para 2016, a expectativa do mercado para o IPCA, a inflação oficial do país, recuou de 7,62% para 7,57%, interrompendo uma série de oito elevações consecutivas. Mesmo assim, ainda permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas e bem distante do objetivo central de 4,5% fixado para este ano.
Para 2017, a estimativa do mercado financeiro para a inflação permaneceu estável em 6% – exatamente no teto do regime de metas para o período, e também longe da meta central de 4,5% estabelecida para o próximo ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O IPCA ganhou força no início de 2016, chegando a 1,27% em janeiro – maior taxa mensal para janeiro desde 2003, quando atingiu 2,25%. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 10,71%.
Taxa de juros
O aumento das expectativas dos analistas das instituições financeiras para a inflação aconteceu com mais intensidade após o Banco Central manter a taxa básica de juros estável em 14,25% ao ano – o maior patamar em quase dez anos – em meados de janeiro.
Até poucos dias antes da reunião do Copom, que manteve os juros, o BC indicava que subiria a taxa Selic para tentar controlar a inflação, mas depois acabou deixando-a inalterada alegando baixo nível de atividade no Brasil e no mundo. Analistas que apontam que o BC sucumbiu a pressões políticas.
A autoridade monetária tem informado que buscará “circunscrever” o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016 (ou seja, trazer a taxa para até 6,5%) e, também, fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017. O mercado financeiro, porém, ainda não acredita que isso acontecerá.
Nesta semana, o Copom se reúne novamente e a estimativa dos analistas é de uma nova manutenção na taxa básica em 14,25% ao ano. Recentemente, o BC sinalizou que sua estratégia não contempla reduções na taxa Selic.
Produto Interno Bruto
Para o PIB de 2016, o mercado financeiro passou a prever uma contração de 3,45% na semana passada, contra uma retração de 3,40% estimada na semana anterior. Foi a sexta piora seguida do indicador.
Como o mercado segue estimando “encolhimento” do PIB em 2015, se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem início em 1948.
Para o comportamento do PIB em 2017, os economistas das instituições financeiras mantiveram a previsão de uma alta de 0,5%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2016 caiu de R$ 4,36 para R$ 4,35. Para o fechamento de 2017, a previsão dos economistas para o dólar permaneceu em R$ 4,40.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2016 subiu de US$ 37,05 bilhões para US$ 40 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano, a previsão de superávit avançou de US$ 39,65 bilhões para US$ 40 bilhões.
Para 2016, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil ficou inalterada em US$ 55 bilhões e, para 2017, a estimativa dos analistas permaneceu estável em US$ 55,55 bilhões.