Com o alerta de especialistas quanto ao andamento de uma nova crise hídrica na cidade e região metropolitana de São Paulo, o cientista e professor da Universidade de São Paulo Tércio Ambrizzi adverte para uma questão que considera ainda maior: o crescimento das populações que vivem em São Paulo.

Segundo Ambrizzi, que é coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas da USP, a nova crise deflagrada dois anos depois de o governo paulista decretar seu fim, vem acompanhada da falta de ações governamentais para lidar com o problema e conscientizar a população quanto ao uso da água como um bem finito.

De acordo com o coordenador, os reservatórios de água foram construídos entre as décadas de 1950 e 1960, quando a população, só no município de São Paulo, era de mais de 2 milhões de habitantes. Hoje, segundo dados do último censo do IBGE, são mais 12 milhões.

“Não podemos culpar só São Pedro, os reservatórios que estão aí foram construídos na década de 50 e 60. Aumentou a população e continuamos com o mesmo número de reservatório, isso já não é suficiente. Se não chove, você entra em uma crise, porque você não tem água para abastecer a todos”, explica Ambrizzi à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual. Para se ter uma ideia da diminuição diária no volume de água, o Sistema Cantareira, que abastece 7 milhões de pessoas, marcava, no mês passado, 41,5% de sua capacidade. Nesta terça-feira (14), o índice armazenado chega a 39.5%.

Ambrizzi é um dos autores presentes no Livro Branco da Água, que trata da crise hídrica e a seca de 2014 e 2015, no estado de São Paulo, organizado pelo pesquisador Marcos Buckeridge e o docente Wagner Costa Ribeiro, também colunista da Rádio Brasil Atual.

Segundo ele, além dos impactos da população sobre os reservatórios, as dinâmicas nas cidades também contribuem para alterações no clima. “Temos que começar a pensar porque as mudanças climáticas têm gerado extremos, períodos de muitas chuvas ou secas”

 

 

 

(RBA)