Subemprego cresce 30% em abril e vai a 373 mil em seis metrópoles. Demissões levam brasileiro a trabalhar por conta própria, com menos horas de ocupação por semana

O número de pessoas que atuam em subempregos cresceu 30% em abril –na comparação com igual período do ano passado– e chegou a 373 mil nas seis principais regiões metropolitanas do país.

O incremento de 87 mil pessoas nessa categoria representa a maior variação desde fevereiro de 2007.

Pelo conceito do IBGE, os subempregados trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais e teriam disponibilidade para isso. Sem opção, aceitam bicos e trabalhos de jornada reduzida e geralmente não têm carteira assinada.

Segundo Bruno Campos, economista da LCA Consultores, a piora ocorre pela redução da atividade econômica, que tem provocado demissões e aumento do número de pessoas que trabalham por conta própria ou como doméstico.

Enquanto o trabalhador do setor privado, com carteira assinada, atua em média 40,1 horas semanais, os sem-carteira trabalham uma média de 38,8 horas semanais. Já o empregado doméstico trabalha 35 horas semanais.

EMPRESA FECHADA

Alexandre Teixeira, 33 anos, organizava eventos de venda de chips de celular para uma empresa no Rio. Em março, a empresa fechou e ele foi demitido. Agora, faz eventos pontuais em shoppings e na rua.

“Eu estou free-lancer até conseguir uma posição nova com carteira assinada, mas não está fácil”, diz Teixeira. “Acabo trabalhando 30 horas semanais. Estou cortando gastos, como viagens, restaurantes e academia.”

A situação é semelhante para o engenheiro de produção Alex Alexandro, 34 anos, morador de Nilópolis, região metropolitana do Rio, que deixou o emprego no início do ano. Desde então, trabalha por conta própria no desenvolvimento de blogs e marketing digital.

A crise interrompeu uma trajetória de redução desse contingente de trabalhadores, que recuava desde 2012. Em abril, a geração de empregos formais teve o pior resultado da série histórica do Ministério do Trabalho, iniciada em 1992, com o fechamento de 97.828 vagas.

“Era esperado e tende a se agravar um pouco mais”, afirma André Perfeito, economista da Gradual Investimentos, sobre o crescimento do subemprego.

Para Thaís Marzola, economista da Rosenberg Associados, o processo de deterioração do mercado de trabalho está longe de terminar. “Em geral, a alta do subemprego ocorre antes do aumento da taxa de desemprego, refletindo a perda de dinamismo da economia como um todo.”

Sérgio Vale, economista da MB Associados, diz que o movimento é semelhante ao que ocorreu em 2004, quando o contingente de subempregados chegou ao pico histórico de 1 milhão de pessoas. “A tendência é que piore nos próximos meses.”

Fonte: Folha de S.Paulo