Movimento tem a participação da regional Guarulhos
da Força Sindical
No dia 9 de janeiro, foi realizada uma reunião com representantes
de diversos setores da sociedade Guarulhense, para deflagrar
uma campanha contra a construção de novas unidades prisionais
em Guarulhos, conforme intenção do governo do Estado.
O movimento intitulado Segurança sim, presídio não conta
ainda com a participação das centrais sindicais Força
Sindical - Regional Guarulhos, CUT, SDS e vários vereadores.
A intenção do governo do Estado é construir nove Centros
de Ressocialização e mais quatro Centros de Detenção
Provisória, sendo dois deles em Guarulhos. O projeto
do governo é construir estas duas unidades prisionais
na Várzea do Palácio, próximo aos dois presídios já
existentes, o Adriano Marrey e o José Parada Neto. A
vereadora Luiza Cordeiro lembrou que o local escolhido
é próximo as rodovias Ayrton Senna e Dutra e ao aeroporto
internacional, além do conjunto habitacional Parque
Cecap. “Isto significa, declarou ela, que qualquer um,
morador ou turista, será alvo fácil no caso de fugas”.
O presidente do Sindicato dos Químicos de Guarulhos
e da regional da Força Sindical, Antonio Silvan Oliveira,
observou que o projeto do governo, se for executado,
inibirá novos investimentos no município. “Percebemos
que os empresários estão preocupados e isto poderá aumentar
ainda mais o desemprego na região”, finaliza. O líder
sindical lembrou que a população precisa ser esclarecida
de que mais presídios não significa mais segurança.
“Os locais onde são construídos presídios, em geral,
tornam-se mais inseguros e sujeitos a ações violentas”,
afirma.
Problemas que a instalação de presídio pode trazer
à população da cidade.
A
construção do presido em Guarulhos faz parte de um projeto
maior que é de desativação do complexo do Carandiru
e transferir todos os detentos para penitenciárias menores
em várias cidades.
Apesar do mérito do projeto – é inegável que o Carandiru
está superlotado e é palco de constantes rebeliões –
ele tem vários problemas:
a-) qual o interesse real na desativação do Carandiru?
A área onde se localiza o Carandiru vem sofrendo forte
especulação imobiliária devido a extensão da linha do
metrô até Tucuruvi. Boa parte da área pertence a Otton
Baumgartten, proprietário do Center Norte e do Lar Center.
Há pouco tempo foi construído o Novotel e há vários
projetos imobiliários sendo lançados na região. Ou seja,
há interesses poderosos para que o Carandiru seja desativado
para supervalorizar o local, beneficiando os proprietários
dos terrenos e as construtoras.
b-) qual o custo da construção de novos presídios?
Segundo cálculos do Fundo Penitenciário Nacional, fundo
estatal que direciona recursos para a construção de
novos presídios, o custo de cada vaga em novo presídio
sai em média por R$19.700,00. Segundo técnicos deste
mesmo fundo, o custo de programas de qualificação profissional
e de recuperação de presidiários para evitar a reincidência
é muito menor. O sistema prisional, além de caro, não
tem eficácia.
c-) qual o impacto nas populações vizinhas?
Matéria do jornal O Estado de S. Paulo, de 12 de janeiro
de 2001: "Os moradores do Belém viraram reféns
do próprio medo. Eles dizem viver em estado de alerta,
ilhados por prédios da Fundação Estadual do Bem Estar
do Menor (Febem), de um presídio feminino, do 87º Distrito
e do Centro de Detenção Provisória inaugurado pelo governador
Mário Covas há três meses.
Durante a rebelião no Centro de Detenção, ontem, muitos
moradores ficaram trancados em casa. O maior temor dos
vizinhos é ver as residências invadidas por fugitivos.
Na rua Ulisses Cruz, atrás do novo cadeião, todas as
casas são protegidas por muros e portões de ferro altos."
Esta matéria foi publicada um dia após a rebelião
no Centro de Detenção Provisória Belém 1, na Av. Sarah
Maluf, no dia 11 de janeiro, envolvendo 715 detentos.
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