Lula e Pezão aconselharam a presidente a atender aos pedidos do partido.
Sigla comandará o Ministério da Saúde, dono do maior orçamento do governo.

Para atender às reivindicações do vice-presidente Michel Temer e da bancada do PMDB , a presidente Dilma Rousseff deve entregar ao seu principal aliado sete ministérios na reforma administrativa que deve ser anunciada nos próximos dias. Entre as pastas que devem passar para o comando dos peemedebistas está o cobiçado Ministério da Saúde, dono do maior orçamento da Esplanada dos Ministérios.

Atualmente, o PMDB ocupa seis cadeiras no primeiro escalão: Agricultura, Aviação Civil, Portos, Turismo, Minas e Energia e Pesca. Entretanto, desde o início do segundo mandato Dilma tem enfrentado frequentemente rebeliões comandadas pelo seu principal sócio no governo.

Apesar de, oficialmente, os principais caciques do PMDB afirmarem que abrem mão de indicar qualquer nome para a reforma ministerial, nos bastidores a queda de braços entre os grupos políticos peemedebistas gerou um impasse que inviabilizou o anúncio das mudanças na semana passada. Com isso, Dilma viajou para os Estados Unidos na última quinta-feira (24) sem definir as mudanças no primeiro escalão.

Na tentativa de se reaproximar dos deputados do PMDB, a presidente ofereceu dois ministérios à bancada peemedebista na Câmara. Além da Saúde – que é chefiada pelo petista Arthur Chioro –, Dilma sinalizou que um deputado peemedebista iria chefiar o Ministério da Infraestrutura, pasta que seria criada com a fusão de Transportes, Portos e Aviação Civil.

No entanto, como o vice-presidente Michel Temer pretendia emplacar na vaga o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), Dilma desistiu da fusão das pastas de infraestrutura para não entrar em atrito com o vice. Ela também sinalizou a Temer que manteria Padilha na Esplanada dos Ministérios.

Na reestruturação do primeiro escalão, a presidente prometeu aos senadores do PMDB o comando de dois ministérios. A princípio, a cota dos senadores deve ser preenchida com os atuais ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura).

Para fechar o xadrez ministerial, a chefe do Executivo ainda teve de administrar as pressões para manter no governo os ministros Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Hélder Barbalho (Secretaria da Pesca), filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).

Lula e Pezão

Inicialmente, a presidente da República pretendia dar seis ministérios ao PMDB, mas, para evitar uma nova crise com o aliado, ela concordou em ampliar o espaço da legenda para sete pastas.

Segundo o G1 apurou, nos últimos dias o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), aconselharam a petista a não se engessar em torno da promessa de cortar 10 ministérios na reforma administrativa. Lula e Pezão recomendaram que seria mais prudente cortar 9 ministérios, em vez de 10, e não correr o risco de comprar uma nova briga com PMDB.

A expectativa é de que Dilma nomeie deputados do PMDB para o comando dos ministérios da Saúde e dos Portos. Já para atender às reivindicações do senador Jader Barbalho, o atual ministro da Pesca, Helder Barbalho, seria deslocado para a Aviação Civil.

Com isso, Eliseu Padilha, que hoje ocupa a pasta, seria transferido para outra cadeira, ainda indefinida. Neste esboço, Henrique Eduardo Alves continuaria à frente de uma pasta ligada ao Turismo.

Parlamentares do PMDB ouvidos pelo G1 afirmaram que os nomes indicados para representar a bancada no governo são os dos deputados José Prianti Junior (PMDB-PA), Celso Pansera (PMDB-RJ), Newton Cardoso Junior (PMDB-MG), Mauro Lopes (PMDB-MG), Manoel Junior (PMDB-PB), Marcelo Castro (PMDB-PI) e Saraiva Felipe (PMDB-MG).

O nome com maior apoio da bancada para comandar o Ministério da Saúde é o do deputado Manoel Junior. As alternativas para essa pasta são Marcelo Castro e Saraiva Felipe.

O deputado José Prianti Junior comandaria um ministério ligado à área da infraestrutura. Celso Pansera, Newton Cardoso Junior  e Mauro Lopes seriam alternativas a Prianti, se ele for vetado por lideranças do PMDB no Pará.

Líderes partidários comentaram nesta terça no Congresso que o Palácio do Planalto deixou as pessoas indicadas pelas legendas aliadas de “sobreaviso”. Eles poderão ser chamados ainda nesta terça para conversar com a presidente da República. Neste caso, o anúncio oficial poderia sair já nesta quarta (30).

Fonte: G1