A produção industrial de São Paulo foi 1,3% maior em novembro de 2016 que em igual mês do ano anterior e interrompeu uma série de 32 meses seguidos de retração, mas ainda está 24,1% abaixo do seu melhor momento, registrado em março de 2011, segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional.

A queda de 2,9% no bimestre outubro-novembro aponta para uma retração mais profunda no fim do ano que a registrada no terceiro trimestre (recuo de 1,7%, na comparação com igual período do ano anterior).

“É como se a indústria de São Paulo estivesse presa no fundo do poço”, comparou Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O setor deixou para trás quatro trimestres seguidos de quedas acima de dois dígitos, mas parece não ter forças ainda para chegar ao campo positivo, avalia.

A indústria de São Paulo representa cerca de um terço de toda a produção do setor no país. Junto com o Estado do Amazonas, que interrompeu sequência de 31 meses de resultados negativos após crescer 4,3% ante novembro de 2015, são as duas melhores notícias da pesquisa do IBGE, afirmou o economista do Iedi.

Os resultados positivos, no entanto, ocorrem também por causa da base baixa de comparação. “A espiral de queda perde força, mas isso não quer dizer que a gente possa ter muita esperança”, diz Cagnin. “É uma recuperação que vai ser diluída no tempo, mais demorada do que a gente gostaria.”

Em relação a novembro de 2015, 9 dos 15 locais pesquisados perderam força na produção industrial. Na média, a atividade caiu 1,1% no país. Os Estados que mais perderam foram aqueles mais ligados à indústria de alimentos, como Goiás – recuou 16,6% e registrou o tombo mais intenso no período – e Pernambuco, que perdeu 6,4% da atividade na mesma comparação.

Por outro lado, a indústria automobilística “salvou” algumas regiões, segundo André Macedo, pesquisador do IBGE. Além de São Paulo, o Paraná cresceu 6,2% principalmente por causa desse segmento. No país, a produção de veículos, reboques e carrocerias subiu 13,4% em novembro, resultado que ficou longe do pico histórico, alcançado em julho de 2011. Em grande parte, o bom mês da indústria automobilística foi puxado pelas exportações, que cresceram acima de 25%, segundo dados do Iedi.

Entre outubro e novembro, a queda da indústria também atingiu a maior parte dos locais pesquisados: houve retração da produção em 8 dos 14 Estados pesquisados. Santa Catarina ficou estável. A produção cresceu 4,4% no Amazonas, após queda de 2,3% em outubro. No Paraná, a alta foi de 2,4%, impulsionada pela indústria automotiva e máquinas agrícolas. Minas Gerais (5,9%) e Pará (6,6%) avançaram junto com a indústria extrativa.