Gritos, xingamentos, sexismo. As palavras são conhecidas e desaprovadas, ainda mais em se tratando de ambiente de trabalho. Para combater essas e outras práticas, conhecidas como violências no trabalho, o Programa Trabalho Seguro, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST) elegeu as violências no trabalho como temática para o biênio 2018-2020. O tema foi proposto pelo Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho Seguro e aprovado pelo presidente do TST e do CSJT, ministro João Batista Brito Pereira.
Como passar essa informação?
Com a temática escolhida, o desafio do Programa era criar identidade visual que mostra a imagem de uma mulher triste, de cabeça baixa e acuada. Adotou-se que metade dessa mulher estaria desintegrando pelas palavras que representam formas de violências no ambiente de trabalho.
Segundo a ministra, a temática do biênio foi escolhida para conscientizar a sociedade da importância de combater práticas de violência no ambiente de trabalho que possam resultar em problemas físicos e psicológicos. “A identidade visual é forte, impactante e com palavras intensas. Pensamos nisso para estimular a população a refletir sobre o assunto e entender que essas ações podem ser devastadoras para as vítimas. Queremos mobilizar toda a sociedade a combater e denunciar esse tipo de violência”, explica.
As atitudes que deixam o ambiente de trabalho hostil, muitas vezes passam despercebidas pelos empregadores e colegas de trabalho. Além do alerta, outro objetivo da identidade visual é passar uma mensagem positiva para a população: a solução é o respeito. Com o respeito há empatia e um ambiente de trabalho mais saudável.
O que são violências no trabalho?
O gestor nacional do Programa Trabalho Seguro, desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, do TRT da 3ª Região, acrescenta que a escolha do tema se deu em virtude de o assunto “violência” ter se tornado uma das grandes preocupações no mercado de trabalho. “O volume de demandas na Justiça do Trabalho sobre assédio moral, sexual, metas abusivas, trabalho escravo, infantil ou situações equivalentes, mostram que é necessário criar a cultura da não violência”. De acordo com o desembargador, a Justiça do Trabalho (JT) quer debater soluções com formadores de opinião, especialistas, psicólogos e médicos psiquiatras.
O juiz Leonardo Vieira Wandelli, do TRT da 9ª Região, igualmente gestor nacional do Programa, enfatiza que a violência no trabalho pode provocar mortes e adoecimentos. Por isso, a Justiça do Trabalho pretende identificar e buscar formas de colaborar e, assim contribuir com esse enfrentamento. O magistrado explica que o trabalho deve deixar de ser um mecanismo de degradação humana, exploração, violência e adoecimento e se mostrar como um importante recurso para a humanidade, correspondente à melhora na saúde e à autorrealização humana. “Aquilo que se faz nas organizações repercute em toda a vida social. Não teremos uma sociedade adequada, democrática e civilizada sem um mundo com trabalho adequado, civilizado e democrático”, concluiu Wandelli.