Cenário político conturbado influenciou queda frente ao real pelo 3º dia.
Na quarta, moeda dos EUA também fechou no menor patamar de 2016.

O dólar recuou com força frente ao real nesta quinta-feira (3), em seu terceiro dia de queda, renovando a menor cotação do ano. A moeda chegou a ficar abaixo de R$ 3,80, influenciada por intensos ruídos sobre o cenário político brasileiro e pela perspectiva de que deve demorar até o Banco Central começar a reduzir os juros, de acordo com a Reuters.

A moeda teve queda de 2,19%, a R$ 3,8022.Veja a cotação do dólar hoje É o menor patamar em quase três meses. No dia 10 de dezembro de 2015, o dólar terminou a sessão a R$ 3,8005.

Na primeira semana de março, o dólar recua 4,88%. Em 2016, a moeda dos EUA acumula queda de 1,19%.

Acompanhe a cotação ao longo do dia:
Às 9h20, queda de 0,26%, a R$ 3,8635
Às 9h50, queda de 1,14%, a R$ 3,8433
Às 10h20, queda de 1,06%, a R$ 3,8466
Às 11h, queda de 0,718%, a R$ 3,8598.
Às 11h40, queda de 0,63%, a R$ 3,8632.
Às 12h20, queda de 0,84%, a R$ 3,8549.
Às 13h10, queda de 1,36%, a R$ 3,835.
Às 13h40, queda de 1,63%, a R$ 3,8244.
Às 14h42, queda de 1,81%, a R$ 3,8170.
Às 15h, queda de 2,1%, a R$ 3,8057.
Às 15h20, queda de 2,27%, a R$ 3,7995
Às 15h50, queda de 2,45%, a R$ 3,7923.
Às 16h15, queda de 2,05%, a R$ 3,8080.

Às 16h32, queda de 1,88%, a R$ 3,8143.

Cenário político
O mercado brasileiro tem sido intensamente influenciado pelo noticiário político. Muitos operadores entendem que vem crescendo a chance de afastamento da presidente Dilma Rousseff, algo que tem provocado reações favoráveis no mercado, enfraquecendo o dólar, segundo a Reuters.

“Está crescendo no mercado a aposta de que Dilma não vai terminar seu mandato”, disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta à agência. Ele ressaltou, porém, que o quadro é bastante incerto e um eventual impeachment pode dificultar o reequilíbrio da economia brasileira.

Dólar nos últimos dias
Cotação em R$
3,95683,953,99764,00353,94113,88773,8022variação24/fev25/fev26/fev29/fev1/mar2/mar3/mar3,753,83,853,93,9544,05

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, teria feito acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.

Na delação, teria feito acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, conforme revelou edição da revista “IstoÉ” que circula nesta quinta. Teria dito que Lula tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras e que Dilma agiu para interferir na Lava Jato.

A notícia vem após relatos na véspera de que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro teria acertado acordo de delação premiada e também teria citado Lula, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

“Se a Lava Jato chegar no Lula, é praticamente certo que o PT não volta ao governo nem em 2018 e isso significa que aumenta a chance de mudança no governo”, disse o operador de um banco internacional.

Outro foco importante é a votação da maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo recebimento parcial de denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Se a decisão for confirmada, Cunha se tornará réu em ação ligada à Lava Jato.

Operadores ressaltam que o acirramento das tensões com Cunha pode levá-lo a reagir com ataques ao governo. Por outro lado, eventual cassação do mandato do deputado pode arrefecer as tensões entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.

Juros mantidos e cenário externo
A queda do dólar nesta sessão originava-se também na percepção de que o BC não deve cortar os juros tão cedo, após o Comitê de Política Monetária (Copom) manter a Selic em 14,25% em decisão dividida.

A manutenção de juros elevados sustentaria a atratividade de ativos brasileiros, possivelmente atraindo capitais para o país. Segundo pesquisa da Reuters, a alta recente do dólar frente ao real parece estar perdendo força em meio às promessas de mais estímulo monetário pelos bancos centrais e sinais de estabilização nos mercados de commodities. Analistas esperam que o dólar seja cotado a R$ 4,015 em um mês, R$ 4,16 em seis meses e R$ 4,25 em 12 meses.

Os investidores também avaliaram o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país, divulgado mais cedo pelo IBGE. Os dados mostraram que a economia brasileira “encolheu” 3,8% no ano passado – a pior queda desde 1990, mas número já esperado pelo mercado.

Ação do BC
Nesta manhã, o BC promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril, vendendo a oferta total de 9,6 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou US$ 1,402 bilhão, ou cerca de 14% do lote total, que equivale a US$ 10,092 bilhões.

Véspera
Na quarta-feira, o dólar fechou em queda de 1,35%, vendido a R$ 3,8877, na menor cotação do ano. A última vez que o dólar fechou abaixo desde patamar foi no dia 29 de dezembro do ano passado, cotado a R$ 3,8769. No ano, a moeda norte-americana recua 1,52%.