País recebeu quase 150 mil estrangeiros à procura de proteção apenas em 2017, aumento de 118% em relação ao ano anterior. Crise na Venezuela impulsionou cifra.

O número de estrangeiros que buscam refúgio ou outras formas de proteção no Brasil mais do que dobrou em 2017 em relação ano anterior, revela um relatório divulgado nesta terça-feira (19/06) pela agência da ONU para refugiados. A principal nacionalidade dos recém-chegados é venezuelana.

Foram 148.645 os refugiados já reconhecidos como tais (mais de 10 mil), os estrangeiros que entraram com pedido de refúgio (mais de 85 mil) ou que ganharam algum outro tipo de proteção, como permissão de residência. Uma alta de 118% frente a 2016 .

Os números foram divulgados no relatório Tendências Globais (Global Trends) do Acnur, na véspera do Dia Mundial dos Refugiados. Segundo o documento, o Brasil é um dos principais destinos do cerca de 1,5 milhão de cidadãos que já deixaram a Venezuela fugindo da crise econômica e social.

No ano passado, 111.600 venezuelanos registraram pedidos de refúgio em outros países, o triplo de 2016, quando o Acnur registrou 34.200, e quase 11 vezes mais que o total de 2015.

A maior parte dos pedidos foi feita no Peru (33 mil) e nos Estados Unidos (30 mil). Desde o início de 2015, mais de 166 mil venezuelanos pediram refúgio no exterior – 75% das petições foram em 2017.

No mesmo período, 345.600 venezuelanos foram registrados sob a categoria “outros grupos de preocupação” – o maior número mundial que se encaixa nessa descrição, segundo o Acnur. Não são solicitantes de asilo, refugiados ou deslocados, mas ainda assim precisam de proteção e assistência quando abandonam seu país, neste caso pelo “complicado entorno de segurança, pela perda de renda devido à atual situação econômica e pela escassez de alimentos e medicamentos”.

No início de 2018, meio milhão de venezuelanos havia tido acesso a outras formas legais de acolhimento garantidas por legislações nacionais ou regionais em Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai. Essas medidas incluem vistos temporários de residência, humanitários e de trabalho para imigrantes, por exemplo.

“A América Latina tem uma variedade de instrumentos institucionais para proteger as pessoas que vêm aos países da região e que talvez seja a melhor do mundo”, afirmou o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, em coletiva de imprensa na qual destacou que, em 2018, os números deverão aumentar.