Economia do setor público caiu e juros subiram, levando o endividamento ao maior patamar já registrado. BC diz que ações para aumentar receitas e cortar despesas devem mostrar resultado a partir deste semestre
O setor público registrou nos cinco primeiros meses de 2015 os piores resultados fiscais (receitas menos despesas) das estatísticas oficiais do governo, o que reduziu a chance de cumprimento da meta de superavit primário fixada para este ano.
A economia menor, somada ao aumento de juros, elevou a dívida e o déficit públicos a níveis recordes.
Com isso, fica mais distante outro objetivo do governo: conter o aumento do endividamento para evitar o risco de rebaixamento da nota de crédito do país.
Dívida recorde
A dívida bruta brasileira chegou a 62,5% do PIB, valor mais alto já registrado na contabilidade pública. Há um ano, estava em 54,3%.
Um dos fatores que contribuíram para isso foi a queda no superávit primário.
A economia do setor público foi de 1,1% do PIB de janeiro a maio, o que equivale a R$ 25,6 bilhões –queda de 19% ante igual período de 2014.
Outro motivo para o crescimento da dívida bruta foi o aumento dos juros, que praticamente dobraram, o que é explicado justamente pelas medidas do governo na área econômica.
Os principais indicadores que corrigem a dívida são a taxa básica de juros, que subiu para conter a inflação, e os índices de preços, que estão sendo puxados pelo dólar e pela correção de tarifas.
No mês de maio, o setor público teve déficit primário de R$ 6,9 bilhões –um ano antes, houve resultado negativo de R$ 11,1 bilhões.
Melhora esperada
O Banco Central afirma que as medidas adotadas para aumentar receitas e cortar despesas ajudarão a melhorar os resultados daqui para a frente. A instituição prefere não afirmar, no entanto, se é possível atingir a meta de economizar R$ 66,3 bilhões.
Um dos fatores que contribuirão para a melhora, diz o BC, é a base de comparação, uma vez que os resultados do segundo semestre de 2014 foram os piores já registrados.
O mercado projeta que o déficit de 0,7% do PIB nos 12 meses encerrados em maio se transformará em uma superávit de 0,7% até dezembro, abaixo do 1,1% prometido pelo governo até o momento.
O BC destacou ainda a melhora no superávit de Estados e municípios, que passou de R$ 13,6 bilhões para R$ 19,2 bilhões no ano até maio.