Consumidores na loja do Ponto Frio da marginal Tietê, que faz promoção no Black Friday. Black Friday e um termo criado pelo varejo nos Estados Unidos para nomear ação de vendas anual, que acontece sempre na ultima sexta-feira de novembro apos o feriado de Ação de Graças.
Nove em cada dez empresas do comércio varejista e de serviços não contrataram nem pretendem contratar funcionários temporários neste final do ano.
A queda nas vendas, a falta de confiança na economia e a previsão de piora nos resultados até dezembro levam os empresários a evitar aumento de custos trabalhistas e a não fazer investimentos.
Os dados constam do levantamento feito pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) com 1.168 empresas situadas nas capitais e em cidades do interior.
Quase metade das que não vão abrir vagas temporárias acredita que a atual equipe de trabalho será suficiente para atender os consumidores, já que a perspectiva de vendas é menor neste ano.
O faturamento nos últimos três meses (encerrados em agosto) foi considerado pior do que o esperado por 48% das empresas consultadas. Entre as razões atribuídas para o desempenho mais fraco estão as mudanças na política e no cenário econômico (53%), o desemprego (47%) e a diminuição do poder de compra das famílias (45%).
Para Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC, sem a renda extra do trabalho temporário, a tendência é de a inadimplência aumentar no final do ano, ao contrário do que ocorreu nos últimos três anos. Em 2014, a inadimplência recuou em dezembro 0,9% ante novembro.
“Quem busca emprego temporário não vai encontrar e, portanto, não terá renda extra para quitar dívidas. Com o aumento do desemprego, muitos também deixarão de receber 13º salário. O que devemos assistir é um aumento do número de inadimplentes no país”, diz.
Segundo dados do SPC, existem no país 57,3 milhões de consumidores que não conseguiram pagar dívidas bancárias (financiamento de carros, imóveis etc.) ou contas de luz, água, telefonia, além das feitas no varejo. O SPC não projeta quanto esse número deve subir.
MENOS VAGAS
A previsão é de 24,5 mil vagas temporárias criadas no país neste ano, levando em consideração o número de empresas que informou que já admitiu ou tem a intenção de contratar (12%).
Segundo a economista, mudanças na metodologia do levantamento deste ano não permitem a comparação com 2014. No ano passado, a amostra era menor (623 empresas), apenas em capitais. A previsão era abertura de 209 mil vagas temporárias.
A FecomercioSP também projeta menos vagas temporárias no comércio paulista. Em novembro de 2008, foram 18,3 mil. “Neste ano serão cerca de 15 mil. O resultado é pior do que o visto na ocasião em o Brasil sofria os efeitos da crise econômica mundial”, diz Vitor França, assessor econômico da federação.