Nos últimos 4 meses, 98,5% dos casos se concentraram na Bahia e Amapá. Desde setembro, início da infecção no país, já são 4.987 ocorrências.
O Brasil registrou entre janeiro e abril de 2015 quase 2 mil casos confirmados de infecção pelo vírus chikungunya, que circula no país desde setembro de 2014 e é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue, doença que já registrou 745,9 mil ocorrências apenas neste ano. A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém causa mais dor e tem menor índice de mortalidade.
Levantamento feito pelo G1 em todas as Secretarias Estaduais de Saúde aponta que de 1º de janeiro a 30 de abril foram confirmados 1.978 casos de chikungunya em 12 estados mais o Distrito Federal. Destes, 1.949 ocorreram na Bahia e no Amapá, o que corresponde a 98,5%.
O total nacional deste ano pode ser ainda maior pois há muitos exames clínicos que não foram concluídos. No período citado, foram notificadas 9.691 suspeitas da doença.
Do total já confirmado, 1.935 são autóctones, ou seja, a transmissão aconteceu dentro do estado ou município. Outros 40 casos são considerados importados (doença foi adquirida fora do estado ou município). Apenas três ocorrências, todas do Amapá, não tiveram sua origem definida.
Se somados os dados de 2015 com os números de setembro a dezembro de 2014, o total de infectados salta para 4.987. Desse montante, 4.765 são autóctones.
Dados do Ministério da Saúde apontam um número menor de doentes. Segundo o último balanço da pasta, que contabilizou casos de janeiro até 18 de abril, foram 1.688 confirmações autóctones. Desde setembro, foram 4.461 ocorrências.
Na última sexta-feira (8), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, não descartou um surto da doença no país. “É muito provável que tenha”, explicou ele.
Para o pesquisador Ricardo Lourenço, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os casos devem aumentar no Brasil porque a população ainda não desenvolveu anticorpos para combater naturalmente o vírus (leia mais abaixo).
Bahia é o estado com mais doentes
A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa “aqueles que se dobram”, em referência à postura que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa. Seu índice de mortalidade, no entanto, é bastante baixo (veja quadro abaixo com as características da chikungunya).
Combate
Lourenço explica ainda que o vírus pode ser transmitido também pelo mosquito Aedes albopictus, que vive em ambientes fora de zonas urbanas, principalmente em regiões desmatadas. Para ele, é preciso intensificar o combate a esta espécie. De acordo com o governo federal, entre as ações para reduzir a quantidade de casos no país estão o aumento de repasses para as Secretarias de Saúde e a distribuição de insumos estratégicos como inseticidas e kits para diagnósticos. Segundo o Ministério da Saúde, em dezembro houve o repasse adicional de R$ 150 milhões para as esferas estadual e municipal para controle da dengue e do chikungunya.