39 pessoas procuraram atendimento médico depois de inalarem a fumaça; névoa pode ser vista de Santos
Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o acidente foi relatado às 15h15 e teria sido provocado pela reação da água da chuva com os produtos químicos de um contêiner – o que também levou ao incêndio.
Um vazamento de produtos químicos seguido de incêndio atingiu, na tarde desta quinta-feira, 14, um terminal de cargas empresarial no Guarujá e espalhou fumaça sobre o litoral sul de São Paulo. O distrito de Vicente de Carvalho ficou isolado pela fumaça e teve pelo menos 600 casas evacuadas; 39 pessoas foram atendidas com intoxicação. A nuvem chegou à cidade de Santos e paralisou o porto. A expectativa era de que o fogo continuasse a ser combatido durante a madrugada.
Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o acidente foi relatado às 15h15 e teria sido provocado pela reação da água da chuva com os produtos químicos de um contêiner – o que também levou ao incêndio. Ainda de acordo com a Cetesb, há no local 85 contêineres e 90% deles têm um produto denominado dicloroisocianurato, usado principalmente na desinfecção de piscinas. Outros produtos presentes são peróxido orgânico e nitrato de potássio. Mais cedo, os bombeiros chegaram a afirmar que a substância que vazou tinha características de amônia, o que poderia causar uma tragédia.
“Eu estava passando pela avenida ao lado do porto bem na hora do vazamento. Minha roupa já ficou cheia de poeira e comecei a me sentir mal. Fui para a casa da minha tia para pedir ajuda porque senti muita dificuldade para respirar e dor no peito. Até que desmaiei”, contou o motoboy Cristiano José de Lima, de 27 anos, que foi levado às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Boa Esperança. Ele recebeu soro, fez inalações e foi liberado pelos médicos.
Por causa do acidente, a prefeitura do Guarujá montou um gabinete de gestão de crise, em conjunto com Defesa Civil, bombeiros e Exército. A orientação das autoridades foi para que as pessoas que morassem em um raio de até 100 metros do local – no quadrante das Avenidas Alvorada, Adriano Dias dos Santos, Santos Dumont e Rua Santidade Papa Paulo VI, além do Sítio Conceiçãozinha – procurassem a casa de amigos ou parentes. A prefeita, Maria Antonieta de Brito (PMDB), pediu que as pessoas evitassem a chuva, que ainda poderia conter produtos químicos. “Estamos fazendo o possível para garantir o bem-estar de todos.”
Por volta das 15h30, quem estava nas Avenidas Santos Dumont e Thiago Ferreira foi surpreendido pela cortina de fumaça e pelo forte cheiro. O comércio local foi fechado e a travessia de barcas entre Vicente de Carvalho e Santos acabou paralisada. O transporte coletivo no distrito também parou e grande parte dos moradores andava com máscaras A fumaça se alastrou pelos bairros do Guarujá e, meia hora depois, chegou a Santos, na Ponta da Praia.
Terminal fechado. O pátio da Localfrio é um dos 55 terminais do Porto de Santos e funciona exclusivamente para armazenamento de cargas que precisem de frigorífico. De acordo com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a fumaça foi levada pelo vento e tomou a área. Por segurança, todos os funcionários foram retirados e o capitão dos portos ordenou que o atracamento fosse interrompido. Foram ainda interrompidas as operações nos terminais de Exportação de Veículos e de Contêineres. De acordo com a Localfrio, ao menos 12 tanques foram atingidos pelo incêndio. Os bombeiros enviaram 19 viaturas, com 65 homens, para o combate ao fogo. A prefeitura do Guarujá cancelou eventos nesta sexta, feriado na cidade.