Enquanto a base do governo do presidente de República, Jair Bolsonaro (PSL), tenta acelerar a votação da “reforma” da Previdência lançando mão da “compra de votos”, trabalhadores são impedidos pela Polícia Legislativa de ingressar na Câmara para acompanhar a discussão de destaques do projeto e dar apoio à oposição, que tenta obstruir os trabalhos. Para conter os manifestantes, em sua maioria mulheres ligadas à educação, como professoras, as forças policiais usaram de truculência. Chegaram a utilizar de spray de pimenta contra os trabalhadores que, pacificamente, entoam gritos contra o projeto bolsonarista. “Não é mole não, tem dinheiro pra milícia mas não tem pra Educação”, cantam.

A proposta do governo retira direitos e dificulta a aposentadoria, especialmente dos professores, como frisa o deputado federal Rogério Correia (PT-MG). “Bolsonaro está sendo considerado o carrasco da Educação. Uma professora que trabalha 25 anos em uma sala de aula, ela pode se aposentar desde que tenha 50 anos. Na nova regra, ela terá que trabalhar sete anos a mais e outros até 10 anos a mais, chegando algumas tendo que estar em uma sala de aula até os 70 anos de idade.”

Pressão
Por isso a presença dos trabalhadores em Brasília. A deputada do Psol de São Paulo Sâmia Bomfim defendeu que o povo pudesse ocupar o Parlamento, que é de direito. “São dezenas de trabalhadores e jovens que vieram para Brasília para dialogar com seus deputados e estão sendo tratados com porrete. Isso é uma vergonha. O povo não ouve calado que os deputados retirem seus direitos. Quando conseguem vir até aqui, são tratados com descaso. Exigimos que o povo possa entrar na Câmara dos Deputados para acompanhar a votação e pressionar de perto”, disse.

Sâmia ainda alfinetou o governo, que vem utilizando da estratégia de liberar dinheiro, por meio de emendas parlamentares, para conseguir os votos necessários para a aprovação da medida. “Não bastasse essa vergonha do toma lá dá cá, de trocar votos contra o povo na reforma da Previdência, por R$ 40 milhões de dinheiro público, de dinheiro do povo em emendas, o povo que vem para a Câmara para pressionar, conversar com os deputados, é tratado com repressão.”