Autoridades do país divulgaram compilação de contas inativas por mais de 60 anos e que possuem saldo mínimo de 500 francos suíços.
Imagine descobrir, de uma hora para outra, uma conta bancária esquecida há anos por um parente seu. Agora imagine poder reaver o dinheiro.
Famosa pelo sigilo bancário, a Suíça divulgou publicamente uma lista com os nomes de contas inativas por mais de 60 anos e que possuem um saldo mínimo superior a 500 francos suíços (R$ 1995).
Segundo as autoridades do país, as contas pertencem a 2,6 mil pessoas, e juntas, totalizam quase 44 milhões de francos suíços (ou R$ 180 milhões).
A lista é composta, em sua maioria, por suíços, mas há pessoas de todo o mundo, inclusive brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil.
Entre os nomes relacionados ao Brasil por residência ou cidadania constam: Jakob Christen, Reimar von Bulow, Wolter Wolthers, Constantino Serafini, Emma Schleich, Henri Potterat Reis Alves, Pantaleão Machado, Tamara Felsch Tschakirow, Maria Magdalena de Moraes Dias de Oliveira e Anne-Marie de Castro.
Ainda há diversos nomes sem informação de origem ou nacionalidade, mas que soam distintamente brasileiros ou portugueses, como por exemplo Francisco Correia Coelho de Campos, Maria Barbara Eberle e Aurélio Manzoni.
A publicação da lista está prevista em uma nova lei que entrou em vigor no começo deste ano.
Após a divulgação dos dados, os possíveis herdeiros têm um ano para se manifestar, ou o dinheiro ficará para o governo suíço e não poderá mais ser reclamado.
Os nomes estão disponíveis no site: https://www.dormantaccounts.ch/.
Verificação
Quem encontrar um possível parente na lista deve preencher um formulário que dará início ao processo de verificação da legitimidade do herdeiro. É necessário submeter documentos, e o trâmite pode demorar vários meses.
Mesmo quem não encontrar um parente na lista mas souber de contas de familiares que estão adormecidas na Suíça pode solicitar uma busca ao Ombudsman. O serviço está disponível no site:http://www.bankingombudsman.ch/en/dormant-assets/ e não é necessário aguardar o prazo de 60 anos.
Aos interessados é recomendado fazer uma pesquisa extensa, consultando diretamente as 156 páginas da lista, e não somente puxando pelo formulário de busca, pois muitas vezes os perfis incompletos não aparecem nos resultados oferecidos pela ferramenta.
A gaúcha Fernanda Oppliger Paradeda foi pega de surpresa com a divulgação da lista. Neta de imigrantes suíços que se mudaram para o Brasil na metade do século 20, ela compartilha o sobrenome com Frieda Bürki Oppliger, uma correntista listada com origem em Zurique.
“Não sei se somos relacionadas. Teria que pesquisar, mas pode até ser”, disse à BBC Brasil, ponderando a época de imigração do avô e a origem da família. A famíia Oppliger é original de Thalwil, vilarejo no cantão de Zurique, mesma região da correntista listada.
Os nomes publicados correspondem a contas inativas desde 1954. Essas informações ficarão disponíveis pelo próximo ano, quando novas contas completarão 60 anos e terão o sigilo quebrado. Se os herdeiros da lista atual não se apresentarem dentro desse prazo, o dinheiro irá para os cofres públicos.