Foram 235 mil focos detectados em 2015; número só é inferior ao de 2010.
Pesquisador do Inpe aponta tempo seco e fiscalização falha como fatores.

 Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram detectados por satélites 235 mil pontos de calor, ante 184 mil de 2014. Trata-se do segundo pior ano de toda a série histórica, iniciada em 1999.

O número de focos de incêndio em 2015 só é menor que o registrado em 2010, quando houve 249 mil pontos detectados. Para o pesquisador Alberto Setzer, responsável no Inpe pelo monitoramento de queimadas no país, alguns fatores como o tempo seco, a falta de fiscalização e o aumento do desmatamento ajudam a explicar os dados.

“Foi um ano mais seco. Grande parte do país conviveu com uma estiagem prolongada. Poucas semanas atrás ainda havia o problema da fumaça em Manaus e várias cidades do Pará devido às queimadas tardias”, afirma Setzer.

“Mas há uma questão óbvia também: a população não para de colocar fogo. E, com uma condição climática que favorece a propagação, o resultado é esse. É importante destacar também que a grande maioria dos casos são contravenções, crimes ambientais. Então, há uma falha na fiscalização, principalmente porque há uma detecção por satélite quase em tempo real e as informações estão disponíveis para uso”, diz.

O pesquisador do Inpe aponta ainda uma alta na taxa de desmatamento da Amazônia como fator fundamental para o aumento dos focos, já que o fogo é utilizado para eliminar as árvores.

O Pará foi o campeão de focos de incêndio em 2015: 44.794. Logo atrás aparecem Mato Grosso, com 32.984, e Maranhão, com 30.066.

A expectativa é que, neste ano, o número de queimadas volte a cair. Em parte, segundo Setzer, ao que se pode chamar de “ciclo do fogo”. “No caso da Chapada Diamantina, por exemplo, houve uma devastação muito grande. Com certeza isso não se repetirá. Quando há queimadas muito intensas, que acabam com a vegetação, no ano seguinte sobra muito pouco para queimar. Então, essas situações de uso do fogo se alternam. Sem contar que tem chovido bastante no começo deste ano em alguns locais, diferentemente do ano passado.”

Queimadas intencionais
O monitoramento por satélite do Inpe consegue diagnosticar todos os focos de incêndio que tenham pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura.

Quase todas as queimadas hoje são causadas pelo homem, seja de forma proposital ou acidental. As razões variam desde limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos e colheita manual de cana-de-açúcar até balões de São João, disputas por terras e protestos sociais.

Segundo o Inpe, as queimadas destroem a fauna e a flora nativas, causam empobrecimento do solo e reduzem a penetração de água no subsolo, além de gerar poluição atmosférica com prejuízos à saúde de milhões de pessoas e à aviação. Denúncias de incêndios criminosos podem ser feitas ao Corpo de Bombeiros, às prefeituras, às secretarias estaduais do Meio Ambiente e ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

NÚMERO DE FOCOS DE INCÊNDIO EM 2015 (POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO):
Pará – 44.794
Mato Grosso – 32.984
Maranhão – 30.066
Bahia – 18.373
Tocantins – 17.367
Amazonas – 15.137
Piauí – 14.712
Rondônia – 14.373
Minas Gerais – 10.593
Goiás – 6.849
Acre – 5.493
Mato Grosso do Sul – 5.304
Ceará – 3.419
Amapá – 2.643
Paraná – 2.185
Roraima – 2.056
São Paulo – 1.984
Rio Grande do Sul – 1.450
Pernambuco – 1.082
Espírito Santo – 1.026
Santa Catarina – 923
Rio de Janeiro – 664
Alagoas – 590
Paraíba – 586
Rio Grande do Norte – 439
Sergipe – 299
Distrito Federal – 172