SÃO PAULO – Na tentativa de angariar mais apoio para a aprovação da reforma da Previdência, o governo teria buscado influenciadores digitais na plataforma LinkedIn com a proposta de pagar artigos que salientassem os aspectos positivos do projeto, apurou o Broadcast Político, serviço de informação em tempo real da Agência Estado.

A reportagem entrou em contato com quatro deles, todos com grande número de seguidores e considerados “influencers” pela própria plataforma social. Eles confirmaram o convite, mas disseram ter se recusado a escrever e publicar em seus perfis esses publieditoriais, como é conhecido esse tipo de conteúdo. Como a conversa não foi adiante, não saberiam dizer quais os valores seriam pagos pelos textos. Alguns desses usuários relataram o convite em suas próprias páginas no LinkedIn.

A proposta foi feita através da empresa de marketing digital BR Media Group, empresa que atua justamente no chamado “marketing de influência”, gerando conteúdo para marcas nas redes sociais de influenciadores.

Segundo duas das pessoas contactadas, foi deixado claro que o cliente era o governo federal, que o conteúdo seria pago e que a ideia era concluir as negociações até o fim desta semana. Uma delas afirmou que, em nenhum momento, foi dito que o caráter publicitário do texto poderia ser deixado claro e que o propósito era claramente o de passar a ideia um “artigo” pessoal. Outra relatou que poderia deixar claro que escrevia a convite do governo.

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Procurado, o sócio da BR Media Group, Celso Ribeiro, confirmou que a empresa entrou em contato com influenciadores digitais, mas negou que o cliente seja o governo ou que o propósito era criar conteúdo “positivo” sobre a reforma.

“Algumas instituições privadas pediram para a gente levantar alguns influenciadores, não para comprar a opinião dos caras, mas para levantar o debate sobre esse tema, que é muito importante”, disse. “O nosso papel está sendo muito mais procurar influenciadores que falem com uma audiência qualificada para levantar o tema”, acrescentou. Questionado sobre qual seriam essas empresas, Ribeiro preferiu não revelar os nomes, mais disse que eram “duas”.

Já o gabinete digital da Secretaria de Comunicação da Presidência da República negou em nota que tenha contrato com a BR Media Group, mas disse que recebeu uma proposta nesse sentido, que foi rejeitada. A nota salienta também que o governo não solicitou ou autorizou a consulta aos usuários da rede social.

“É prática usual de empresas desse ramo oferecerem esse tipo de serviço, atuarem proativamente e apresentarem propostas comerciais à marcas e governos.Para isso, consultam antecipadamente, os possíveis contratados, para saber de sua disponibilidade em participar ou não com tais depoimentos”, diz o texto. O “governo não solicitou os contatos aos usuários do LinkedIn e a proposta apresentada foi rejeitada.”

Fonte: O Estado de S.Paulo