Famílias de renda média-alta foram as que mais sentiram a inflação, afetadas pelas mensalidades escolares e o preço dos combustíveis

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontou uma aceleração da inflação para todas as faixas de renda em fevereiro. As famílias de renda média-alta foram as mais afetadas, com uma taxa de 0,88%, devido aos reajustes das mensalidades escolares e dos combustíveis. As famílias de renda muito baixa tiveram a menor variação inflacionária, marcando 0,78%, impactadas pelo aumento dos preços dos alimentos e das tarifas de transporte urbano e integrado.

Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quarta-feira (14) e indicam que, no acumulado em 12 meses até fevereiro, enquanto as famílias de renda muito baixa apresentaram a menor taxa de inflação (3,56%), a faixa de renda alta apontou a taxa mais elevada (5,44%), conforme a tabela abaixo:

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Para as famílias de renda média, média-alta e alta, o maior ponto de pressão inflacionária em fevereiro veio do grupo educação, influenciado pelo aumento de 6,1% das mensalidades escolares. Para essas faixas de renda, ainda em relação ao grupo de transportes, embora os reajustes da gasolina (2,9%) e do etanol (4,5%) também tenham contribuído positivamente para a inflação dessas famílias, em fevereiro, a queda de 10,7% das passagens aéreas gerou um forte alívio sobre a inflação da faixa de renda alta.

Já em relação às famílias de renda mais baixa, a alta dos preços dos alimentos e bebidas foi a principal responsável pela inflação pelo terceiro mês consecutivo, especialmente em itens importantes da cesta de consumo, como arroz (3,7%), feijão (5,1%), batata (6,8%), cenoura (9,1%), ovos (2,4%) e leite (3,5%). O grupo de transportes também influenciou esses domicílios, ainda que de menor intensidade. As principais influências foram os reajustes das passagens de ônibus urbano (1,9%) e do transporte público por integração (9,4%).

Na comparação com fevereiro de 2023, enquanto as três classes de menor renda apontaram alta da inflação, as três faixas de renda mais elevada registraram desaceleração inflacionária em fevereiro de 2024. Para os segmentos de renda mais baixa, a piora da inflação corrente é explicada pelo desempenho menos favorável dos alimentos no domicílio e das tarifas de ônibus urbano e transporte público integrado, cujas variações de 1,1%, 1,9% e 9,4%, respectivamente, registradas em 2024, ficaram acima das observadas no mesmo período de 2023 (0,04%, 0,47% e 0%).

Em contrapartida, para as famílias de maior renda, a alta menos intensa da inflação em fevereiro deste ano frente a fevereiro de 2023 veio das mensalidades escolares, cujo reajuste de 6,1% este ano foi menos intenso que o apurado no ano anterior (7,6%), além da deflação mais expressiva das passagens aéreas em fevereiro de 2024 (-10,7%), na comparação com o mesmo período de 2023 (-9,4%).

Fonte: www.ipea.gov.br

Imagem: pixabay.com