Assina SilvanExtremamente infeliz o comentário do presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, feito hoje (8) durante audiência com o presidente interino Michel Temer, sugerindo que a jornada de trabalho deveria subir das atuais 40 para 80 horas semanais, com o expediente saindo de 8h diárias para 12 horas.

Não é novidade no Brasil e em diversos países capitalistas da fome com que as empresas avançam sobre o lucro. Exigindo dos seus funcionários esforço equivalente ao da época da escravidão, quando não existia direito algum, apenas o de morrer trabalhando de tanto cansaço, sem qualquer amparo legal.

A fala do presidente da CNI reflete o pensamento da classe industrial de nosso país, avessa a qualquer avanço nas relações profissionais. Aliás, no Congresso Nacional existem atualmente diversos projetos de lei, apoiado pelos empregadores, visando a retirada de conquistas que hoje beneficiam milhões de trabalhadores.

O mais estranho é que diversas empresas estão falindo por falta de uma política industrial de verdade, visando o desenvolvimento da nação, não apenas privilegiando o capital especulativo. Hoje não é novidade que o presidente interino Michel Temer é sustentado politicamente pelos empresários, que ajudaram eleger grande bancada patronal.

É surrealista alguém dizer que uma nação industrializada só poderá ser competitiva caso adote jornada de 80 horas. A medicina do trabalho já comprovou por meio de diversos estudos que funcionário estafado fica mais suscetível a acidentes fatais no chão de fábrica. É um retrocesso.

Infelizmente, os empregadores brasileiros investem tanto nas campanhas políticas e depois se tornam reféns, pois não priorizam questões coletivas. Apenas utilizam suas supostas lideranças para resolver problemas individuais. Apenas com melhores condições de trabalho e maior valorização da mão de obra teremos melhor e mais resultados para o setor empresarial empreendedor.