Ele atuou em campanhas de quatro países da América Latina e da África.
Em nova fase da Lava Jato, foi decretada prisão do marqueteiro e da mulher.
A defesa do marqueteiro João Santana afirmou na noite desta segunda-feira (22) ao Jornal Nacional que todos recursos em contas do exterior do marqueteiro provêm, exclusivamente, de campanhas feitas em outros países. Segundo a defesa, “nehhum centavo” é de campanha brasileira.
Joao Santana é baiano, jornalista, e ganhou notoriedade com o trabalho de marketing eleitoral. Ele ajudou a eleger seis presidentes desde 2006: o ex-presidente Lula (2006);
Mauricio Funes, em El Salvador (2009); Danilo Medina, na República Dominicana (2012); José Eduardo dos Santos, em Angola (2012); Hugo Chávez, na Venezuela (2012); a presidente Dilma Roussef (2010 e 2014).
Apesar de não investigar campanhas eleitorais, a Operação Lava Jato apontou que os pagamentos a João Santana e a mulher dele podem ter sido uma forma de remunerá-los por serviços prestados ao PT. O juiz Sérgio Moro diz que as investigações estão sendo aprofundadas e que essa hipótese é bastante grave, pois também representa corrupção no sistema político partidário.
João Santana recebeu US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Investigadores suspeitam que ele foi pago com propina de contratos da Petrobras.
“Há o indicativo claro de que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras. É bom deixar isso bem claro, para que não se tenha a ilusão de que estamos trabalhando com caixa 2, somente”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
Segundo as investigações, o casal teve um crescimento patrimonial de R$ 1 milhão, em 2004, para R$ 78 milhões de reais em 2014.
João Santana informou hoje, por meio de nota, que já comunicou ao comitê nacional do Partido de la Liberación Dominicana que está renunciando em caráter irrevogável à campanha de reeleição do presidente Danilo Medina.
O marqueteiro avisou que terá de retornar ao Brasil para se defender de acusações que ele considera infundadas, feitas pelas autoridades brasileiras. No comunicado em espanhol, ele diz que há clima de “perseguição” no Brasil e que não foi pego totalmente de supresa, mas que ainda assim é difícil de acreditar
Santana também disse que desde a semana passada se colocou à disposição das autoridades brasileiras pra esclarecer qualquer especulação, e que vai facilitar toda a informação necessária para trazer a verdade dos fatos. Ele afirmou, ainda, considerar que o afastamento é a melhor forma de não afetar os interesses do Partido de la Liberación Dominicana.
Mais cedo, a defesa de Santana já tinha comunicado ao juiz Sérgio Moro que ele e a mulher já agendaram a volta ao Brasil, mesmo sem ter recebido a notificação oficial sobre os pedidos de prisão. Segundo o advogado, os dois irão se apresentar às autoridades responsáveis pela investigação. A defesa também disse cofiar que serão tomadas todas as medidas para que a chegada do marqueteiro ao país não se transforme em um odioso espetáculo público.