Enquanto as mulheres contribuem com 52% do trabalho global, os homens participam com 48%. A população masculina, porém, predomina no ofício remunerado, restando às mulheres uma fatia expressiva dos serviços não pagos – principalmente os domésticos, onde são 83%. 

Quando são pagas, as mulheres ganham 24% menos que os homens. Na América Latina, mais da metade das empresas não tem nenhuma mulher em postos de gerência. O relatório aponta a necessidade de políticas que busquem a igualdade salarial, “licenças parentais que se dividam entre as mães e os pais” e transformação de normas sociais que excluem as mulheres do mercado de trabalho.

“Promover mulheres a cargos notórios de categoria superior, que envolvam responsabilidade e tomada de decisões nas esferas pública e privada, e fomentar a participação dos homens em profissões em que tradicionalmente predominam as mulheres pode contribuir para a mudança de mentalidades”, sugere o documento.

Para a administradora do Pnud, Helen Clark, “isso permitiria que a sobrecarga do trabalho não remunerado de prestação de assistência fosse partilhada de forma mais ampla, dando às mulheres a possibilidade efetiva de optar, ou não, por integrar o mercado de trabalho”.

O Índice de Desigualdade de Gênero brasileiro é de 0,457 – pouco maior que a média mundial, de 0,449. Esse índice leva em conta taxas como a de mortalidade materna, que no Brasil é de 69 por 100 mil nascidos vivos (no Uruguai, por exemplo, é 14, um possível efeito da política de legalização do aborto, implementada no fim de 2012), e a contribuição ao mercado de trabalho – as mulheres brasileiras têm 59,4% de participação, enquanto entre os homens esse índice é de 80,8%. Outro número considerado é o de assentos ocupados por mulheres no parlamento: 9,6%. Na Argentina, por exemplo, são 36,8%.

Substituição

O relatório aponta que os efeitos das novas tecnologias reduzem a demanda por trabalhadores menos qualificados, beneficiando mais fortemente aqueles com alto grau de instrução. Técnicos matemáticos, empregados da área de contabilidade, técnicos de biblioteca, árbitros esportivos e caixas são alguns dos ofícios com mais probabilidade de, no futuro, serem substituídos pela automatização.

“Por definição, essa mudança favorece as pessoas com maior capital humano, o que polariza as oportunidades de trabalho”, diz o documento.

A pesquisa sugere que o momento é o ideal para que as pessoas busquem adquirir “capacidades especiais”, pois elas poderiam aproveitar as tecnologias para agregar valor ao seu trabalho. Por outro lado, “nunca houve pior momento para se ter um perfil de trabalhador que só tem competências comuns, já que computadores, robôs e outras tecnologias estão adquirindo essas competências com rapidez extraordinária”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.