Nos dois primeiros meses do ano, o setor já acumula queda de 11,8%.
Em fevereiro, produção de veículos caiu quase 10%, segundo o IBGE.

 

A produção da indústria recuou 2,5% em fevereiro na comparação com o mês anterior, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º). É o pior resultado desde dezembro de 2013. Considerando apenas o mês de fevereiro, é a maior queda da série histórica, que teve início em 2002.

“O patamar que a indústria opera nesse momento é um patamar que muito se assemelha ao de dezembro de 2008 [ano da crise financeira mundial], onde claramente a produção industrial mostrava um ponto mais baixo da sua série histórica. O dezembro de 2008 acaba sendo o ponto mais baixo daquele ano no patamar de produção”, disse André Macedo, gerente de indústria do IBGE.

Nos dois primeiros meses do ano, o setor já acumula queda de 11,8%. Nos últimos 12 meses, a baixa é um pouco menor, de 9%. Mesmo assim, é a queda mais forte desde novembro de 2009 quando atingiu 9,4%.

“O resultado de fevereiro, além de mostrar queda mais intensa desde dezembro de 2013, mostra uma frequência de perfil disseminado de taxas negativas entre as grandes categorias econômicas e as atividades investigadas”, analisou Macedo.

De janeiro para fevereiro, a maioria dos segmentos da indústria mostrou resultados negativos. Como observado no ano passado, a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias não teve bom desempenho e caiu 9,7%. Acompanharam a mesma tendência as produções dos setores de máquinas e equipamentos (-6,7%), produtos alimentícios (-1,7%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-8,2%).

Outros ramos também registraram produção menor, mas num ritmo menos intenso: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,5%), metalurgia (-1,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,6%), produtos de borracha e de material plástico (-1,6%) e outros equipamentos de transporte (-3,3%).

Na contramão, a indústria de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis avançou 1,4%, assim como os segmentos de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (1,3%), indústrias extrativas (0,6%), produtos têxteis (3,4%) e bebidas (1,3%).

“O resultado desse mês mais do que elimina o avanço sinalizando no mês de janeiro último. Embora a gente tivesse registrado avanço de 0,4%, aquele resultado positivo não sinalizaria nenhum tipo de reversão de trajetória descendente, que já estava bem marcado”, disse o gerente.

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De um mês para o outro, a produção das indústrias de bens de consumo duráveis caiu 5,3%, “influenciada principalmente pela menor produção de automóveis e de eletrodomésticos, ainda afetados pela concessão de férias coletivas em várias unidades produtivas”.

Os setores produtores de bens intermediários registraram recuo de 2% na produção, e o de bens de consumo semi e não-duráveis, 0,6%. Entre os segmentos analisados, só o de bens de capital conseguiu ter resultado positivo ao crescer 0,3%.

“Bens de capital, mesmo crescendo na margem nesses dois primeiros meses de 2016, ele cresce em cima de uma base muito depreciada. E mais do que isso, o crescimento em nada suplanta as perdas observadas no ano de 2015”.