Acordo entre empresa e sindicato prevê mais cinco a nove meses de afastamento para mil trabalhadores, e congelamento de salários

A General Motors vai prorrogar novamente por cinco a nove meses o lay-off (suspensão temporária de contratos) de cerca de mil trabalhadores da fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista. A dispensa desses funcionários venceria no dia 8, mas como o mercado de veículos segue sem perspectivas de recuperação, a empresa ameaçava demiti-los.

Para estender o lay-off, a GM propôs o congelamento dos salários nominais neste ano e de parte dos de 2017, fim da estabilidade de emprego para quem adquirisse doença profissional e redução do pagamento adicional para trabalhos noturnos. Por insistência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, a empresa abriu mãos dos dois últimos itens e conseguiu fechar acordo com a entidade na quinta-feira.

Dos cerca de 6 mil trabalhadores da produção na GM, mil ficarão em lay-offO presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, aproveitou um encontro anual na sede do grupo em Detroit (EUA), na semana passada e, segundo ele, pediu à presidente global da GM, Mary Barra, a revisão das exigências para a filial brasileira. “A viagem ajudou muito na decisão da empresa, pois estávamos num impasse tremendo”, disse Francisco Nunes, vice-presidente da entidade.

Pelo acordo, o reajuste pela inflação deste ano não será indexado aos salários, e será pago em forma de abono de R$ 8 mil em duas parcelas. No próximo ano, serão indexados 70% do aumento, e a diferença também será paga como abono. No dia 6, os funcionários também vão receber R$ 6 mil como antecipação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

Em nota, a montadora informou que o acordo prevê a possibilidade de extensão do lay-off por cinco meses, podendo ser renovado por mais quatro meses. “A GM acredita que esse acordo é positivo, pois pode conciliar as necessidades de ajuste ao mercado em queda com os interesses dos empregados.”

Segundo Nunes, parte do grupo de funcionários está em lay-off há mais de um ano (desde novembro de 2014). Outra parte entrou no programa em março e uma terceira em outubro do ano passado.

Pelas normas do programa, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) deixa de bancar parte dos salários dos operários após cinco meses de afastamento. Nesse caso, a empresa assume o custo integral. Alguns dos afastados estão sendo convocados para retornar ao trabalho.