Em um ano, o rendimento médio real dos trabalhadores caiu 7%, para R$ 2.182,10, segundo dados do IBGE
Após ter ficado estável no mês anterior, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País voltou a subir e atingiu 7,9% em outubro de 2015, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a maior taxa para o mês de outubro desde 2007 (8,7%). Contando todos os meses, a taxa foi a mais alta desde agosto de 2009, quando estava em 8,1%.
O resultado ficou perto do teto do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que esperavam um resultado entre 7,4% e 8%, e acima da mediana, de 7,6%. Em setembro, a taxa de desocupação foi de 7,6%.
O aumento da fila de desemprego também tem pressionado a renda. O rendimento médio real dos trabalhadores registrou queda de 0,6% em outubro ante setembro e redução de 7% na comparação com outubro de 2014. O rendimento médio real dos trabalhadores em outubro foi de R$ 2.182,10, contra R$ 2.194,71 em setembro.
A massa de renda real habitual dos ocupados no País somou R$ 49,6 bilhões em outubro, um recuo de 1,7% em relação a setembro e de 10,4% na comparação com outubro de 2014. Já a massa de renda real efetiva dos ocupados totalizou R$ 49,9 bilhões em setembro, uma queda de 1,4% em relação a agosto. Na comparação com setembro de 2014, houve redução de 10,2% na massa de renda efetiva.
‘Pessoas que já estavam na população desocupada não estão sendo absorvidas, e muitas daquelas que estavam ocupadas estão sendo dispensadas’, avalia gerente do IBGE
Mais desempregados. A fila do desemprego aumentou 67,5% em outubro ante o mesmo mês do ano anterior, a maior variação da série histórica, iniciada em março de 2002. A alta foi o equivalente a 771 mil pessoas a mais buscando uma vaga no mercado de trabalho. Na comparação com setembro, o aumento no total de desempregados foi de 3,2%, 60 mil pessoas a mais. “A gente tem conjugação de dois fatores que levam ao crescimento da taxa (de desemprego): redução da ocupação e aumento da desocupação”, explicou Adriana Beringuy, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O fenômeno foi provocado pelo corte de vagas, que aumentou a pressão na busca por um emprego. O número de ocupados caiu 3,5% em outubro ante outubro de 2014, o equivalente à extinção de 825 mil vagas. Em relação a setembro, o número de ocupados recuou 1%, 230 mil postos de trabalho a menos.
“Essas pessoas que já estavam na população desocupada, elas não estão sendo absorvidas, e muitas daquelas que estavam ocupadas estão sendo dispensadas”, apontou Adriana.
A população inativa impediu um aumento ainda maior na taxa de desemprego. O total de inativos cresceu 2,9% em outubro ante outubro de 2014, 561 mil pessoas a mais. Em relação a setembro, a alta foi de 1,4%, 272 mil indivíduos a mais na inatividade. “Se a população chamada não economicamente ativa não tivesse crescido, provavelmente o crescimento da taxa (de desemprego) seria ainda mais intenso”, reconheceu a gerente do IBGE.
Indústria. O emprego na indústria recuou 0,7% na passagem de agosto para setembro, na série livre de influências sazonais. Este é o nono resultado negativo consecutivo em sequência. Com isso, o emprego industrial acumula recuos de 5,7% no ano e de 5,4% em 12 meses.
Já na comparação com setembro de 2014, o emprego industrial apontou queda de 7% em setembro deste ano. Trata-se do 48º resultado negativo consecutivo e a maior queda já registrada na série histórica da Pesquisa Industrial Mensal – Emprego e Salário (Pimes), iniciada em dezembro de 2000.
Segundo o órgão, foram registradas reduções no contingente de trabalhadores em todos os 18 ramos pesquisados na comparação interanual, com destaque para meios de transporte (-12,4%), máquinas e equipamentos (-10,6%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,7%), alimentos e bebidas (-2,9%), produtos de metal (-10,6%), borracha e plástico (-8,4%) e outros produtos da indústria de transformação (-10,3%).