Medida é resposta a teste nuclear feito pela Coreia do Norte em janeiro.
Conselho de Segurança da ONU também aprovou restrições.
A Coreia do Sul anunciou nesta terça-feira (8) nova sanções unilaterais contra Pyongyang e pediu a seus cidadãos que boicotem os restaurantes norte-coreanos no exterior para cortar suas fontes de renda.
Estas novas sanções foram decididas em resposta ao teste nuclear realizado pela Coreia do Norte em janeiro e seu disparo de um foguete de longo alcance em fevereiro.
Levando em conta a fragilidade das relações econômicas entre os dois vizinhos, estas sanções são potencialmente menos daninhas do que a votada pelo Conselho de Segurança da ONU na semana passada. Mas poderão provocar a ira da Coreia do Norte.
Seul tomou em fevereiro a decisão de cessar as operações na zona industrial intercoreana deKaesong, que era um dos últimos projetos conjuntos de cooperação.
Um dos objetivos das autoridades sul-coreanas é cortar o fluxo de divisas para o Norte, para que estes fundos não sirvam para financiar os programas nuclear e balístico de Pyongyang.
“Já que os estabelecimentos norte-coreanos como os restaurantes no exterior são um dos canais através dos quais as moedas estrangeiras entram na Coreia do Norte, pedimos à população que não os frequentem”, declarou Lee Suk-joon, chefe do Escritório de Coordenação das Políticas Governamentais.
Seul calcula que Pyongyang recebe cerca de dez milhões de dólares anuais oriundos de 130 restaurantes abertos em 12 países.
“A queda da frequência nos restaurantes norte-coreanos terá o efeito de bloquear uma parte do fluxo de divisas”, assinala o governo sul-coreano em um comunicado.
Seul proibiu, além disso, aos sul-coreanos de fazer negócios com 40 indivíduos e 30 organizações envolvidas nos programas nuclear e balístico da Coreia do Norte.
Também impedirá o acesso a suas águas territoriais para qualquer barco estrangeiro que tenha feito previamente escala em um porto do Norte.
Esta decisão parece anunciar o final importante de um projeto trilateral que previa transportar carvão russo para a Coreia do Sul através do porto norte-coreano de Rajin e da cidade fronteiriça russa de Jassan.
Seul já adotou em 2010 uma série de sanções contra a Coreia do Norte depois de ter acusado Pyongyang pelo ataque contra uma corveta sul-corana.
O Conselho de Segurança da ONU impôs na semana passada uma nova série de sanções contra Pyongyang e, em resposta, a Coreia do Norte disparou seis projéteis de curto alcance a partir de sua costa oriental.
Na véspera, as forças sul-coreanas e americanas iniciaram as manobras conjuntas mais importantes já organizadas até a presente data na península coreana, e Pyongyang ameaçou responder com ataques nucleares “às cegas”.
Estes exercícios anuais dos dois aliados agravam sistematicamente as tensões entre o Norte e o Sul.
Neste ano ocorrem em um momento particularmente tenso, dois meses após o quarto teste nuclear da Coreia do Norte e um mês após o lançamento norte-coreano de um foguete de longo alcance.
As manobras conjuntas, batizadas de “Key Resolve” e “Foal Eagle”, têm desta vez uma envergadura nunca antes vista na Coreia do Sul, com a participação de 15.000 americanos, quatro vezes mais que em 2015.
Também estão mobilizados 300.000 militares sul-coreanos, assim como elementos chave do exército americano, entre eles uma brigada de combate e uma esquadra conduzida por um porta-aviões e submarinos de propulsão nuclear.
Em um comunicado divulgado horas antes do início dos exercícios, a poderosa Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte disse estar pronta para uma contraofensiva total.
A retórica belicosa é uma constante do regime mais isolado do mundo quando as tensões aumentam com Seul. Pyongyang dispõe certamente de um pequeno arsenal de ogivas nucleares, mas os especialistas estão divididos quanto a sua capacidade para instalá-las em mísseis.