Cerca de 30% das oportunidades não são aproveitadas, diz PAT.
Proteção da família e falta de experiência podem influenciar.

 A lei obriga que qualquer estabelecimento deve separar uma cota para contratação de funcionários com necessidades especiais. Mas na prática, muitos fatores ainda contribuem para que essas vagas não consigam ser preenchidas. No Alto Tietê, de acordo com a Diretoria Regional de Emprego e Relações do Trabalho, menos de 30% das oportunidades são aproveitadas.

Lindomar trabalha em um supermercado de Mogi das Cruzes há cinco anos. Ele é surdo, por isso, a comunicação com os outros funcionários é feita com sinais. E eles se entendem. Márcia também é surda e há cinco anos é empacotadora. Eles fazem parte do quadro de funcionários junto com mais dois deficientes. “Não tem dificuldade. É muito fácil trabalhar com eles. Eles são mais atenciosos e prestativos. Eles focam no serviço” avalia o gerente, Cleverson de Moraes.

Várias empresas da região contratam pessoas portadoras de deficiência para ocupar vagas de acordo com as condições de trabalho deles. Mas, segundo o diretor regional dos Postos de Atendimento ao Trabalhador, Eduardo Henrique de Jesus, as vagas mais oferecidas são para empacotadores e repositores nos supermercados. Só que muitas vezes, essas vagas ficam lá e eles não aparecem. “Na maioria das vezes é a família que proíbe o deficiente de trabalhar por medo deles sofrerem preconceito.”

Quando as pessoas procuram por uma vaga em um dos postos, logo encontram a lista com as vagas que estão disponíveis. E nela estão destacadas as vagas para deficientes. No Alto Tietê existem cinco Postos de Atendimento ao Trabalhador. Toda semana, em média surgem entre cinco e 30 vagas para deficentes. O problema é que menos de 30% acabam ocupando essas vagas. “A gente sabe que hoje em dia existe preconceito e dificuldade de adequação física dos espaços da empresa. Tem pessoas que não se sentem bem e não vão.”

Sabrina Salvarani é deficiente auditiva, mas consegue falar muito bem. Ela aprendeu com o pai. Mesmo assim está desempregada há muito tempo. Ela foi atrás de uma dessas vagas para limpeza. O problema é que eles pediram pelo menos um ano de experiência com carteira assinada. “Até hoje procuro um emprego para trabalhar. Eu preciso trabalhar”