Documento foi emitido por laboratório contratado pela Samarco.
Resultado aponta que não houve alteração relacionada a rompimento.

O resultado de análises feitas por um laboratório independente contratado pela mineradora Samarco, e divulgado pela empresa nesta terça-feira (26), indica que os sedimentos da barragem de Mariana, em Minas Gerais, não atingiram as águas do Arquipélago de Abrolhos, no sul da Bahia.

O laudo foi emitido pelo laboratório ALS Corplab, com sede em São Paulo, no dia 20 de janeiro e indica que não houve alteração do mar na região que estivesse relacionada ao rompimento da barragem de Fundão.

A suspeita de que a lama de rejeitos de minério pudesse ter chegado ao sul da Bahia foi levantada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no início do mês. No dia 8, o governo baiano divulgou imagens de uma mancha suspeita no entorno do santuário de Abrolhos.

O rompimento da barragem da Samarco ocorreu em 5 de novembro de 2015 e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central de Minas. A lama chegou ao mar pelo Rio Doce, depois de ter passado por municípios mineiros e do Espírito Santo.

De acordo com o resultado da análise encomendada pela Samarco, os testes da água coletada em Abrolhos indicaram ausência de óxido de ferro, um dos elementos que remeteriam à pluma de turbidez (massa de água com sedimentos) do Rio Doce.

“A qualidade da água coletada em diferentes dias mostrou que os parâmetros estão dentro dos limites do Conama 357 nível 1 (água salina), não havendo anormalidades”, disse a Samarco, em nota.

A empresa também afirmou que, além da comprovação trazida pelos laudos, os acompanhamentos diários feitos nos dois Estados indicam que a turbidez das praias no norte do Espírito Santo e sul da Bahia está dentro da normalidade, o que torna improvável uma presença da pluma na região de Abrolhos.

De acordo com a Samarco, existem outros fatores de influência de movimentação de sedimentos na região costeira do Espírito Santo e sul da Bahia que podem explicar o aparecimento de sedimentos em Abrolhos, no último dia 7 de janeiro.

Segundo a empresa, houve o registro de fenômenos climáticos que ocasionaram a formação de ondas no litoral (entre 1,5 m e 2,5 m) que provocaram ressuspensão natural de outros sedimentos.

A Samarco ainda disse que realiza o monitoramento constante da qualidade da água em dezenas de pontos ao longo do Rio Doce e na sua foz, além de uma grande extensão no litoral, disponibilizando-os  periodicamente às autoridades.

João Carlos Thomé, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do ICMBio, responsável pela região de Abrolhos, disse na noite desta terça que ainda não teve acesso ao laudo encomendado pela Samarco.

Ele disse que ainda aguarda o resultado das análises das amostras colhidas pelo órgão. O material, segundo ele, ainda está sendo filtrado pelas equipes do projeto Coral Vivo, em Porto Seguro, antes de ser enviado para laboratórios das universidades do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

“O prazo dado para conclusão foi de trinta dias. Tem que fazer a filtragem e a prepação, antes do material de ser enviado para o Rio de Janeiro e para o Rio Grande do Sul. Portanto, essa primera etapa está ainda sendo finalizada, mas as coletas deverão ser encaminhadas ainda nesta semana.

A UERJ já vem trabalhando com amostras do Rio Doce e vai poder nos dizer se os sedimentos são ou não do Rio Doce. Além disso, no Rio Grande do Sul vão ser feitos outros exames ecotoxicológicos.

O secretário de Meio Ambiente da Bahia (Sema), Eugênio Spengler, também disse que ainda não teve acesso ao resultado do laudo encomendado pela mineradora Samarco e que só irá se posicionar nesta quarta. O G1 não conseguiu contato com o Ibama na noite desta terça.

Abrolhos
De acordo com o ICMBio, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, com área de cerca de 91.300 hectares, compõe o bioma marinho. Cinco ilhas estão dentro dos limites do parque, porém uma delas não faz parte dele e está sob jurisdição da Marinha do Brasil.

Segundo o órgão ambiental, só é permitido o desembarque em uma das ilhas, a Siriba. Na ponta sudoeste da ilha, centenas de pequenas conchas e corais se acumulam, formando uma espécie de praia. A outra extremidade é formada por piscinas naturais que abrigam peixes coloridos e outros organismos marinhos.