Nos últimos cinco anos, o tráfico internacional de pessoas fez 65 vítimas na cidade, conforme dados do Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, localizado no Aeroporto Internacional de Guarulhos. As mulheres representam 52% do total de traficados, sendo a maioria aliciada para a prostituição.
Entre 2010 a 2014, o posto anotou o tráfico de 34 mulheres, 18 homens e 13 transexuais guarulhenses. A exploração sexual é a consequência mais apontada pelas vítimas, sendo que 32 delas foram obrigadas a praticar a prostituição. O trabalho escravo é a segunda maior modalidade aplicada pelos traficantes, que levaram para este fim 24 pessoas da cidade neste período. Remoção de órgãos e trabalhos domésticos fazem vítimas.
Nesta semana, o Ministério Público Federal de Guarulhos denunciou quatro pessoas por tráfico internacional de pessoas, formação de quadrilha e corrupção de menores. Manoel Andres Filho, Sandra Cristina de Morais Andres e Sheila Matos Silva e Alan Marques Ribeiro praticavam os crimes com a ajuda de um adolescente. Eles montaram um esquema de aliciamento de mulheres no interior de São Paulo, que eram levadas para a Espanha para se prostituirem.
Em dezembro de 2004, um adolescente, na época com 17 anos, foi apreendido no aeroporto de Guarulhos momentos antes de embarcar para a Espanha, na companhia de uma das vítimas da quadrilha. Em consequência da apreensão do adolescente, posteriormente também foram presos Sheila Silva, em Campinas/SP e Alan Ribeiro, em São José dos Campos.
A investigação que levou à descoberta da quadrilha, decorrente da chamada Operação Alicia II, apurou que o casal Manoel e Sandra Andres, pais de menor e residentes em La Coruña, na Espanha, custeavam as despesas com as viagens das mulheres aliciadas no Brasil, hospedavam-nas em sua residência na Espanha e eram responsáveis pela colocação delas em casas de prostituição daquele país.