Empresa propôs aos petroleiros em greve não descontar os dias parados este mês em troca da volta ao trabalho
A Petrobrás apresentou nova proposta para tentar acabar definitivamente com a greve dos petroleiros e normalizar a produção de petróleo em suas plataformas, principalmente, na Bacia de Campos. A empresa se compromete a pagar o salário integral deste mês, mesmo dos dias não trabalhados, durante o período de greve. Em troca, pede o retorno imediato dos trabalhadores. Em janeiro, porém, quer voltar a discutir se vai descontar ou não os salários por causa da greve.
A primeira proposta da Petrobrás era de descontar metade das horas não trabalhadas. A principal entidade representante dos petroleiros – a Federação Única dos Petroleiros (FUP) – aceitou a proposta. O acordo também prevê reajuste salarial de 9,53% e formação de um grupo de trabalho, do qual os sindicalistas também farão parte, para analisar o programa de venda de ativos da companhia.
Boa parte dos petroleiros já voltou ao trabalhoO ataque ao plano de desinvestimento é o foco da pauta de reivindicação dos trabalhadores reunidos na FUP, que se satisfez com a formação de um grupo de trabalho para debater o assunto e indicou aos sindicatos filiados que reunissem os trabalhadores e transmitissem a mensagem de que a greve deveria ser paralisada.
Mas, nas assembleias dos sindicatos filiados à FUP com os trabalhadores, que vêm ocorrendo desde o último sábado, alguns grupos de grevistas demonstram resistência, sobretudo, ao desconto de metade dos dias não trabalhados, como propôs a Petrobrás e acatou a FUP. Empregados de três regiões – Bacia de Campos, Espírito Santo e Minas Gerais – decidiram, então, continuar de braços cruzados, apesar da indicação da federação que os representa.
Com a continuidade do movimento na Bacia de Campos, maior produtora de petróleo nacional, a Petrobrás deixa de contar com 100 mil barris de petróleo por dia, 5% da produção nacional. Por isso, se viu obrigada a retomar as negociações com os sindicalistas sobre o desconto salarial.
Assembleias. Novas assembleias foram realizadas, ontem, nas três regiões onde os trabalhadores resistem em retomar o trabalho. Minas Gerais, decidiu abandonar a greve. Mas o movimento continua na Bacia de Campos e no Espírito Santo. A FUP diz que os empregados dessas duas áreas vão se reunir novamente nos próximos dias para analisar a nova proposta da empresa.
Por enquanto, os grevistas aceitaram apenas deixar as plataformas nas mãos das equipes de contingência montadas pela Petrobrás, sem impedir a operação das plataformas. A equipe de contingência é formada por funcionários que ocupam cargos de chefia, convocados pela empresa para suprir o trabalho que deixou de ser realizado pelos grevistas. “As direções sindicais regionais (sindicatos filiados) são autônomas. A FUP não pode interferir em suas decisões”, ressaltou o diretor de Comunicação da entidade, Francisco José de Oliveira.
Do total de 18 sindicatos de petroleiros existentes, 13 são filiados à FUP. Além de representar um grande número de empregados da Petrobrás, o fato de ter no seu quadro lideranças sindicais da Bacia de Campos, fortalece a entidade sindical. Mas ela não é a única a representar os empregados da Petrobrás. Há também a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que possui cinco sindicatos filiados. Na sua área de abrangência, estão unidades de menor importância para a Petrobrás do que plataformas.