Após ver produção despencar 8,7% no ano passado, empresas não têm esperança de que ocorra uma recuperação consistente da economia ao longo de 2016

A produção industrial brasileira acumula queda de 8,7% nos últimos 12 meses até janeiro. É o maior recuo desde novembro de 2009, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora em janeiro tenha ocorrido um leve crescimento de 0,4% em relação a dezembro de 2015 – interrompendo um ciclo de sete meses seguidos de quedas –, não há esperanças de uma recuperação consistente para o ano.

Com isso, a expectativa de analistas é que prossigam o fechamento de empresas em diversos segmentos da economia e as demissões de trabalhadores.

Na opinião de Pedro Wongtschowski, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), entidade que reúne vários dos maiores industriais do País, “o cenário da indústria para os próximos dois anos depende muito do que vai ocorrer com a economia” ao longo do ano.

Estudo recente do Iedi constata que a indústria brasileira teve o pior desempenho entre as principais economias globais no quarto trimestre de 2015.

A produção nacional recuou 12,4% na comparação com igual período do ano anterior, desempenho muito inferior ao da produção mundial, que registrou crescimento de 1,9%.

A produção da Rússia, país que também passa por grave crise econômica, teve queda de 5,7% no quarto trimestre. No Chile, houve recuo de 1,5%, e na Argentina de 0,9%. O México apresentou crescimento de 2,2%. Na América Latina como um todo, a queda foi de 4%.

Ocupação em fábricas fechadas
Grupo de funcionários ocupa a Mabe, que pediu falência

Após processo de recuperação judicial mal sucedido, a Mabe, fabricante de linha branca, pediu falência em fevereiro e fechou as fábricas de geladeiras Continental em Hortolândia e de fogões Dako em Campinas, ambas no interior de São Paulo. Os 2 mil funcionários estão com salários atrasados desde dezembro e também não receberam as rescisões. Há mais de um mês, um grupo deles ocupa as fábricas.

“Só vamos sair se a massa falida (a Capital Administradora) pagar todos os direitos ou retomar a produção com o efetivo completo”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sidalino Orsi Júnior. Só a dívida trabalhista soma R$ 19 milhões.

A Capital pretende retomar a produção, mas só com 500 funcionários. A Justiça determinou a desocupação da fábrica de Hortolândia e a qualquer momento a Polícia pode entrar no local para retirar os trabalhadores.

Empresa ainda deve salários
Autopeça foi fechada há um ano

Os 770 trabalhadores da Metalúrgica de Tubos de Precisão (MTP), fechada há pouco mais de um ano em Guarulhos (SP) ainda esperam pelo pagamento integral dos salários, diz o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Josinaldo José de Barros. “A empresa estava pagando em parcelas, mas parou.”

A MTP fornecia peças para fabricantes de automóveis e de motocicletas, segmentos cujas vendas despencaram. Barros, contudo, também credita o fechamento “a problemas de gestão”. A empresa está na cidade há pelo menos 50 anos e já passou por vários proprietários.

A gigante no ramo de autopeças Delphi fechou duas fábricas no ano passado, em Mococa (SP) e Itabirito (MG), e este ano encerra a transferência da unidade de Cotia (SP)para Piracicaba (SP). Ao todo, 1,7 mil trabalhadores perderam o emprego. O grupo ainda tem 11 unidades fabris no País.

Na Proema, pedidos caíram 50%
Proema fechou duas fábricas no ABC

Quando a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da Proema, fabricante de autopeças, a fábrica de Diadema e uma de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, já estavam fechadas. O grupo tinha entre os clientes a Fiat, GM, Honda e Mercedes-Benz.

Faturava R$ 500 milhões por ano, mas desde 2014 as encomendas caíram mais de 50%. Os 750 funcionários foram demitidos sem receber as rescisões. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, a dívida salarial soma R$ 35 milhões. O diretor da Proema não foi localizado.

A Maxion, que produz rodas automotivas em Guarulhos (SP) há 57 anos, vai desativar a linha produtiva até o fim do ano. A fábrica já empregou 3 mil pessoas, informa o Sindicato dos Metalúrgicos, e hoje tem 500. A entidade negocia um pacote salarial para as demissões. A empresa alega que vai transferir apenas algumas linhas.

Empresa ainda deve salários
Autopeça foi fechada há um ano

Os 770 trabalhadores da Metalúrgica de Tubos de Precisão (MTP), fechada há pouco mais de um ano em Guarulhos (SP) ainda esperam pelo pagamento integral dos salários, diz o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Josinaldo José de Barros. “A empresa estava pagando em parcelas, mas parou.”

A MTP fornecia peças para fabricantes de automóveis e de motocicletas, segmentos cujas vendas despencaram. Barros, contudo, também credita o fechamento “a problemas de gestão”. A empresa está na cidade há pelo menos 50 anos e já passou por vários proprietários.

A gigante no ramo de autopeças Delphi fechou duas fábricas no ano passado, em Mococa (SP) e Itabirito (MG), e este ano encerra a transferência da unidade de Cotia (SP)para Piracicaba (SP). Ao todo, 1,7 mil trabalhadores perderam o emprego. O grupo ainda tem 11 unidades fabris no País.

‘Não há sinal de melhora’
Randon fecha planta inaugurada em 1965

Nos últimos 20 meses, a fabricante de implementos rodoviários Randon operou nove meses com semana de quatro dias na fábrica de Guarulhos (SP), inaugurada em 1965. Também houve quatro períodos de férias coletivas de 10 a 30 dias e emenda em todos os feriados.

“Como não vemos um cenário de recuperação, não vimos alternativa a não ser paralisar a produção”, diz Daniel Ely, diretor de RH. As áreas de entrega de produtos e comercial serão mantidas. O grupo também tem fábricas em Caxias do Sul (RS), Joinville (SC) e na Argentina.

No início de 2015 a Randon tinha 400 funcionários em Guarulhos, e agora tem 130. O Sindicato dos Metalúrgicos negocia com a empresa o pagamento de seis salários extras e benefícios para o pessoal que será demitido em abril, mas diz que a empresa resiste em aceitar a proposta.