Na avaliação de Green, essa é uma das razões da força eleitoral do candidato republicano à presidência Donald Trump. O peso que os discursos xenófobos vêm ganhando principalmente nos Estados Unidos e na Europa ajuda a entender o porquê de aspectos como tolerância e inclusão – incluídos no IPS – estarem em baixa, com uma das piores pontuações entre os critérios analisados.

O Brasil, por sua vez, caminha na direção oposta. “O país vai muito bem em [termos de] tolerância e inclusão”, contou Green ao Valor. Os problemas enfrentados pelo país na área de segurança – que nesse caso incluem não só homicídios, mas também a violência no trânsito – são uma das principais barreiras à ascensão do país na lista do IPS, que este ano tem a Finlândia no topo e a República Centro-Africana na última posição. Apesar de puxar o crescimento mundial, a China ocupa apenas a 84ª posição no ranking.

Outros países asiáticos conhecidos pelo ritmo acelerado de expansão econômica também apresentam resultados fracos em termos de progresso social. “Às vezes há uma ligeira sensação do tipo: ‘Por que não conseguimos atingir as mesmas taxas de crescimento econômico da parte leste da Ásia?’ Mas o que estamos vendo realmente é que a América Latina está se saindo melhor que o Leste da Ásia [região que inclui China, Taiwan e Coreia do Sul, entre outros países] quando se trata de converter seu PIB em progresso social. Então, na verdade, alguma coisa está sendo feita de maneira correta por aqui”, compara Green.

Para ele, parte do legado olímpico no país pode se traduzir em melhorias sensíveis no IPS brasileiro. Um dos pontos que podem melhorar a posição do país no ranking de progresso social está relacionado aos investimentos feitos em infraestrutura pública para os Jogos Olímpicos, especialmente na área de transporte.

Outro ponto positivo destacado pelo economista é o peso da Olimpíada como propagadora da cultura (“Eu incluiria o esporte como uma parte grande da cultura. E isso é enriquecedor”). Já o terceiro benefício potencial da realização do maior evento esportivo do mundo no Brasil é bem mais difícil de mensurar, reconhece Green. Trata-se do impacto da Olimpíada na criação e manutenção de uma cultura do bem-estar. “[A Olimpíada] encoraja as pessoas a serem mais ativas? Encoraja as pessoas a levarem uma vida mais saudável?”

No Brasil, o Índice de Progresso Social já é utilizado inclusive em povoados distantes da região amazônica. Apoiado pela Coca-Cola e pela Natura, o projeto IPS Comunidades mensura o avanço social em 50 comunidades ribeirinhas situadas às margens do rio Juruá, no município amazonense de Carauari. Ambas as empresas já atuam na região fomentando cadeias de fornecimento sustentáveis de matérias-primas locais.