HSBC calcula que, se a paralisação durar um mês, o custo para a Petrobrás pode ficar entre US$ 196 milhões e US$ 315 milhões
Após a Petrobrás reconhecer queda de até 13% na produção de petróleo, por causa da greve de trabalhadores, as ações da companhia lideraram, nesta quarta-feira, 4, as perdas na BMF&Bovespa. O temor é que a queda na receita da estatal aprofunde a crise financeira da empresa. Pelos cálculos do HSBC, um mês de paralisação pode custar aos cofres da Petrobrás de US$ 196 milhões a US$ 315 milhões. Hoje o movimento grevista conseguiu a adesão de mais unidades de produção, além de terminais de distribuição da Transpetro no Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
A companhia não fez novas estimativas de perda de produção. Na noite de terça-feira, a petroleira avaliou em 460 mil barris de petróleo e cerca de 19 milhões de metros cúbicos de gás natural a redução acumulada na produção desde domingo. As ações fecharam em queda de 6,34% (ordinárias) e 4,72% (preferenciais), pressionadas também por uma redução na cotação internacional de petróleo.
Efeito da greve. Além do recuo na produção, analistas e investidores avaliam os efeitos da greve sobre a reestruturação da Petrobrás, uma vez que os petroleiros são contra a venda de ativos, o corte de investimentos e as alternativas para financiamento do plano de negócios. “As greves impedem a diretoria de executar seu plano de desinvestimento para 2016. Além disso, acreditamos que o uso de ativos como garantia para futuros novos empréstimos também está em risco”, afirma relatório do HSBC.
Para a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), a paralisação não afeta “no momento” a nota de crédito da estatal, mas pode influenciar a redução do endividamento e alavancagem, por causa das perdas na produção. “A extensão da greve e seu impacto na curva de produção ainda são incertos. Caso seja prolongada, aprofundará os desafios de crescimento da produção, a desalavancagem do balanço patrimonial e a nossa avaliação do perfil de risco isolado da companhia.”
Adesões. Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), ao reconhecer perdas entre 8,5% e 13% na produção por causa da greve, a Petrobrás “subestima o impacto da paralisação”. A federação contabiliza duas novas adesões, somando 47 unidades em greve.
Segundo o sindicato, 28 plataformas produtoras estão completamente paralisadas na Bacia de Campos. Outras sete estão com produção restrita e nove são operadas por equipes de contingência da Petrobrás.
Além das unidades produtoras, três unidades de manutenção e serviço também foram paralisadas, assim como o Terminal Cabiúnas, em Macaé. Em São Paulo, os terminais da Transpetro em Barueri e Guararema também aderiram ao movimento. No Paraná, houve adesão no terminal aquaviário de Paranaguá (Tepar) e em Santa Catarina, nos terminais de Guaramirim, Biguaçu e Itajaí.