O número de horas trabalhadas, que reflete as demissões e suspensões de contratos, caiu 12,9% no ano passado; entidade prevê novo recuo do setor neste ano, de 5,3%

O indicador de nível de atividade (INA) da indústria paulista caiu 6,1% em 2015 ante 2014, mostra pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 3, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Com exceção da retração de 9,3% verificada em 2009, período marcado pela crise internacional, a baixa observada no ano passado é a mais acentuada desde 2003. Somente no último trimestre do ano passado, o desempenho do setor manufatureiro caiu 3% na comparação com o trimestre anterior.

As horas trabalhadas recuaram 12,9% em 2015 ante 2014 e foram a principal influência negativa para o resultado de 2015, segundo o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp. Paulo Francini, diretor do Depecon, afirma que a redução das horas trabalhadas na produção não indica exclusivamente uma queda do emprego no setor, mas a adoção de medidas como lay-off, a suspensão do contrato de trabalho por tempo determinado.

“Há fabricas que estiveram em processo de lay-off e em outros sistemas em que não há redução do emprego. E o número de horas trabalhadas tende a cair mais que o emprego por questões como o uso de banco de horas e outros mecanismos”, diz Francini.

O nível de utilização da capacidade instalada da indústria, o Nuci, ficou em 75,6% em dezembro de 2015 ante 75,7% em novembro do mesmo ano, na comparação com ajuste sazonal.

O Depecon projeta ainda que a atividade industrial de São Paulo deve encerrar 2016 com recuo de 5,3%. “Ao olhar para as perspectivas, não conseguimos enxergar por onde vai ocorrer a saída para uma eventual melhora. Um dia a crise vai passar, porém, não sabemos quando. Mas a intensidade dela é a maior que já vivemos”, afirma o diretor do Depecon.

O setor que registrou a maior queda de atividade em 2015 foi o de veículos automotores, com recuo de 15,1%. A indústria de máquinas e equipamentos também encerrou o ano no vermelho, com retração de 14,7%. Na contramão, o setor de celulose, papel e produtos de papel fechou o ano com uma variação ligeiramente positiva de 0,7%.