Energia ainda é principal vilão; analistas esperam desaceleração no segundo semestre

O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial brasileira, subiu 9,25% no acumulado dos últimos 12 meses, o maior nível para o intervalo desde dezembro de 2003 (9,86%).

O resultado acompanhou o centro das estimativas de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, de 9,28%.

De janeiro a julho, a inflação foi de 6,90%. Ou seja, em sete meses, já supera toda a de 2014 (6,46% pelo IPCA-15). É também a mais alta para o período desde 2003 (7,55%).

VILÕES

A inflação foi afetada por preços administrados pelo governo, como a energia elétrica e combustíveis, e por alimentos e jogos de azar.

A energia subiu 59,38% nos últimos 12 meses até julho. Já alimentação e bebidas tiveram alta de 10,03%.

O índice está bem acima do teto da meta do governo, de 6,5% ao ano –o centro da meta é de 4,5%. O IPCA-15 tem a mesma metodologia do IPCA, índice oficial de inflação. Só que no IPCA-15 o período de coleta se encerra ao redor do dia 15 do mês.

DESACELERAÇÃO

Quando considerado apenas o mês de julho, a prévia da inflação oficial brasileira foi de 0,59%, também dentro das expectativas e desacelerando na comparação com junho (0,99%) deste ano.

Dos nove grupos acompanhados pelo IBGE, somente habitação (1,15%) e comunicação (0,59) tiveram aceleração na passagem de junho para julho. Despesas pessoais passaram de 1,79% em junho para 0,83% em julho, segundo informou o IBGE nesta quarta-feira.

Apesar da alta menor do que o mês anterior, a inflação de julho é considerada relativamente alta para os padrões históricos do mês. O índice é maior que o de julho de 2014 (0,17%) e o maior para o mês desde 2008 (0,63%).

ALIMENTOS CAROS

Os alimentos têm sido o principal responsável por isso. O grupo desacelerou de junho (1,21%) para julho (0,64%). Mas, em julho de 2014, o grupo tinha apresentado deflação (queda de preço) de 0,15%.

Entre os fatores que explicam a alta nos preços dos alimentos está o patamar do câmbio, chuvas fortes em regiões produtoras e menor oferta do produto.

Os economistas consultados pelo boletim Focus, do BC, consideram que a inflação medida pelo IPCA vai encerrar o ano em 9,15%.

No ano que vem, a perspectiva é que a inflação desacelere para 5,40%.

Fonte: Folha de S.Paulo