A crise econômica do País veio, neste ano, com desemprego, juros elevados, inflação, alta do dólar, além de consumo desacelerado e empresas mais inseguras e cautelosas. Com isso, a expectativa é de que as tradicionais contratações de fim de ano para serviços temporários caiam até 50% no Grande ABC, comparadas ao mesmo período anterior.

Houve também adiamento, em muitos casos, na abertura de postos de trabalho. O que era pra ter começado entre as últimas semanas de setembro e primeira quinzena de outubro, só deverá acontecer com mais intensidade na metade de novembro, já que a estratégia das empresas é esperar até a última hora.

“Hoje não temos oportunidades para a região. Haverá contratações mais pra frente, só que com queda de 50% devido às condições atuais do mercado”, diz Juliana Constantino, gerente da matriz e da unidade em Santo André da Luandre, que é especialista em consultoria para empresas à procura de vagas temporárias. De acordo com a Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Trabalho Temporário), no País todo esses empregos devem diminuir em torno de 20%. Em 2013 o número de admissões em outubro era de 4.067, considerando apenas vagas em shoppings da região. Já em 2014 as vagas caíram quase pela metade, com 2.100.

A equipe do Diário entrou em contato com os shoppings da região e o único número que foi divulgado foi do Shopping Metrópole, de São Bernardo, que tem 450 contratações programadas para a demanda dos últimos meses do ano. “Mantemos uma estabilidade em relação ao ano passado. Acredito que a crise não deve afetar esse período, porque é uma época propensa à compras e isso não deve mudar”, afirma o superintendente do centro de compras, Fabio Deganutti.

Alguns estabelecimentos do Metrópole têm cartazes com dizeres como ‘Admite-se’ ou ‘Estamos contratando’, porém lojistas afirmam que neste ano haverá menos admissões. “Em nossa loja, temos hoje cinco vendedores, vamos manter estes e contratar mais dois. No fim do ano passado, estávamos com oito; já chegamos a ter nove”, afirmou o gerente Renan Mendes de Almeida, da Traxart, varejo de artigos esportivos e confecções. Outra que tem oportunidades no local é unidade franqueada da World Tennis. Segundo o gerente da filial, que também gerencia uma Tennis One, Júnior Rocha, haverá, ao todo, 25 vagas abertas, incluindo essas duas lojas e outras cinco. “As vendas estão fracas, esperamos que melhorem”, diz.

OUTROS – De acordo com informações dos shoppings Atrium, em Santo André, Praça da Moça, em Diadema, Shopping ABC, em Santo André, Shopping São Bernardo, em São Bernardo, e da Acisa (Associação Comercial e industrial de Santo André), os comerciantes não apresentam número significativo de vagas, por enquanto.

O Mauá Plaza Shopping ainda não fechou a quantidade junto aos lojistas. No Park Shopping São Caetano, o processo seletivo é diretamente com os estabelecimentos, e, por isso, o empreendimento não divulgou número de contratações, mas informou que disponibiliza um painel de vagas onde os lojistas podem afixar suas oportunidades de trabalho. Os interessados podem conferi-las no piso L3 – Administração e dirigir-se às lojas em questão ou através do site www.parkshoppingsaocaetano.com.br.

TERMÔMETRO – Para a gerente da agência especializada em Trabalho Temporário Employer, Luciana Pires, as contratações neste mês são um termômetro de como será o comportamento de consumo no fim do ano. “Em outros anos, nessa época tínhamos cerca de 3.000 vagas em aberto. Hoje, temos 411. Acredito que as contratações serão feitas, mas com cuidado, e os empresários devem aguardar o balanço deste feriado (o Dia das Crianças, comemorado hoje) para planejar estratégias para o Natal.”

De acordo com Juliana, o tempo de admissão também deve diminuir. “Geralmente as empresas pegavam funcionários para cerca de noventa dias ou mais, caso ficassem para o início do ano, período de férias e movimentação em alguns setores. Agora elas devem contratar em novembro para demitir em dezembro.”

Entretanto, a orientação das consultorias de RH ouvidas pelo Diário é de que funcionário se dedique, já que as chances de efetivação ainda são consideráveis.

Os cargos disponíveis geralmente exigem ensino médio completo, e disponibilidade de horário. As opções no comércio, costumam ser de operadores de caixa, estoquistas e vendedores. Já na área da indústria, funções na área de produção também são alternativas para os temporários.

Quem pensa em contratar temporários, porém, deve ficar atento à legislação, para não ter surpresas ou sofrer algum prejuízo, como explica o advogado trabalhista, Alexandre Trindade, da Trindade e Trindade Advogados Associados. “São os mesmos direitos, exceto os da rescisão”, comenta ele, referindo-se à falta do aviso prévio, 13º salário, multa rescisória e levantamento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Fonte: Diário do Grande ABC