Os programas destinados à mulher veiculados pela maioria das emissoras de televisão parecem seguir um padrâo: toda mulher é uma dona-de-casa, que quer fazer ginástica para emagrecer, quer agradar o marido e os filhos e cozinhar bem. Enfim, ser uma boa dona de casa é o desejo de toda a mulher, segundo veiculam estes programas. A própria imagem das apresentadoras destes programas segue este padrão: Ana Maria Braga, Claudete, Hebe Camargo, a falecida Ofélia, e outras, lembram bem a imagem de uma boa dona de casa, eficiente nos seus afazeres domésticos enquanto seus maridos ganham a luta trabalhando fora. O retrato da mulher exclusivamente como uma dona-de-casa é algo totalmente irreal. Os dados mostram que, cada vez mais, a mulher está ingressando no mercado de trabalho pois não há mais como os maridos sustentarem sozinhos as suas famílias. Mais da metade da população feminina está trabalhando ou no mercado formal ou informal, ou mesmo procurando emprego. Uma parcela significativa de mulheres está sustentando a família devido ao desemprego de seus companheiros, ou mesmo porque estão separadas dos maridos. A realidade da maioria das mulheres brasileiras é esta: trabalha fora, está se ocupando também do sustento da família, está preocupada em arrumar uma ocupação com maior remuneração. Um outro dado que mostra que os programas femininos são direcionados apenas para as donas de casa é o seu horário: quase todos são veiculados nos dias de semana à tarde, um horário impossível para a mulher trabalhadora assistir. Enfim, a mulher trabalhadora, aquela que cumpre jornada de trabalho na empresa, cumpre segunda jornada em casa e têm preocupações muito mais amplas que uma simples dona-de-casa (sem qualquer desmerecimento destas) não existe para as emissoras de televisão.

Dennis de Oliveira (Jornalista e Professor da Universidade Metodista de Piracicaba e da Universidade de Mogi das Cruzes)
E-mail: dennisoliveira@hotmail.com

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