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O Jornal Eletrônico do Sindicato - Fevereiro 2000


Editorial

O problema dos medicamentos

A diretoria do Sindicato está acompanhando, com muita atenção, o desenrolar das investigações da CPI dos medicamentos. Preocupa-nos que um problema que afeta a saúde e até mesmo a vida de seres humanos seja tratado como um mero negócio lucrativo para poucas e grandes empresas multinacionais que aqui vêm simplesmente para acumular riquezas e mandá-las para fora. Achamos importante a preocupação com os preços dos medicamentos – realmente, eles estão altíssimos. Porém, é de preocupar também a qualidade dos mesmos, ainda mais após a declaração do presidente da Abrafarma (Associação Brasileira das Farmácias) de que existem remédios chamados de B.O (bom para otário). Ora, se o próprio representante das farmácias admite a existência de tais medicamentos, onde anda os órgãos de vigilância do governo? Onde anda o senhor ministro da Saúde, José Serra, que não se cansa de fazer demagogia visitando vítimas de erros médicos, de criticar os laboratórios farmacêuticos, mas de concreto não faz nada para impedir uma coisa destas? E mais: os parlamentares da CPI dos medicamentos constataram a eficiência da FURP que pode produzir medicamentos a um preço muito mais baixo, garantindo o acesso das camadas mais pobres aos remédios e o abastecimento dos postos de saúde através do programa “Dose Certa”. Onde está o reconhecimento do esforço dos trabalhadores da FURP que garantem o sucesso de um programa social (coisa rara em tempos tucanos!), enquanto que o governador Mário Covas simplesmente nega a concessão da PLR a estes trabalhadores? O país não pode ficar refém de um punhado de multinacionais. É preciso investigar a fundo não só os laboratórios farmacêuticos, mas também outros setores estratégicos dominados pelo grande capital, como o sistema financeiro. Esperamos que este trabalho da CPI dos medicamentos vá a fundo nas investigações e que outros setores monopolizados pelo grande capital também sejam investigados para que se garanta a cidadania da população.

Antonio Silvan Oliveira (presidente)


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