CPI dos Medicamentos quebra o sigilo de 24 laboratórios
Manobra dos deputados governistas reduz a investigação da CPI apenas aos dados contábeis das empresas.
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal que investiga o abuso nos preços dos medicamentos aprovou, no dia 8 de fevereiro, a quebra do sigilo fiscal de 24 laboratórios farmacêuticos acusados de praticarem cartel (acordo entre empresas concorrentes visando aumentar os preços de forma conjunta, o que é proibido por lei). A quebra do sigilo fiscal significa que todos os dados contábeis destas empresas ficarão à disposição dos membros da CPI. Deste grupo de 24 laboratórios, três deles – acusados de falsificação de remédios – terão também quebrados os sigilos bancário e telefônico: todas as ligações telefônicas e movimentação das contas bancárias deles também ficarão à disposição da CPI.
Os laboratórios que serão investigados pela CPI são os seguintes: Abott, Eli Lilly, Schering Plough, Roche, Searle, Biosintética, Bristol, HMR, Bayer, Eurofarma, Organon, Glaxo Wellcome, Merck Sharp Dohme, Merck, Astra Zeneca, Boeringher, Centeon, Sanofi, Whitehall, Janssen Cilag. Byk, Quimioterápica, Mirbaile e Sidone (estes três últimos tiveram os sigilos bancário e telefônico quebrados, inclusive os dos seus proprietários).
A quebra do sigilo fiscal dos laboratórios foi fruto de uma manobra dos deputados ligados ao governo que não queriam que fosse aprovado também a quebra dos sigilos bancário e telefônico das empresas. Os deputados de oposição criticaram a manobra governista pois acham que somente os dados contábeis não irão provar nada.
De fato, pela reação de alguns dos laboratórios investigados, é provável que esta investigação não leve a muita coisa. O diretor de estratégia e projetos do Laboratório Byk, David Zimath, afirmou: “As portas estão abertas. Se existem suspeitas, que investiguem”.
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