Os gastos com a Previdência Social consumirão 70% da arrecadação federal em até dez anos, caso não seja feita nenhuma mudança nas regras em vigor, disse ontem (14) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele participa de reunião com a bancada do PSB na Câmara para explicar a reforma da Previdência.
De acordo com o ministro, a introdução do teto para o gasto público, que entrou em vigor este ano, resolve apenas parte do problema. Segundo Meirelles, a limitação para o crescimento dos gastos federais impedirá o país de chegar à insolvência, mas prejudicará a distribuição dos recursos orçamentários caso os gastos com aposentadorias e pensões continuem a crescer nos próximos anos.
“O problema é a evolução das despesas com a Previdência. Na próxima década, os gastos com os benefícios vão consumir mais de 70% de toda a arrecadação do governo federal. A situação atual já é insustentável. Para não extrapolar o teto [de gastos públicos], seria necessário um corte brusco nas demais despesas, de 44% para 20% do Orçamento”, disse o ministro.
Meirelles disse que a reforma da Previdência reduzirá a dívida pública, abrindo caminho para a queda dos juros e criando condições para o país voltar a crescer. Ele ressaltou que as novas regras não têm o objetivo de zerar o déficit do regime privado, que encerrou o ano passado em R$ 149,7 bilhões, apenas de estabilizar as despesas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país).
O ministro voltou a defender a igualdade na idade de aposentadoria entre homens e mulheres, fixada em 65 anos na proposta. Segundo Meirelles, uma eventual redução na idade mínima para as mulheres exigiria a elevação na idade para os homens. O ministro disse ainda que a idade média de aposentadoria no Brasil, atualmente em 59 anos, é inferior à exigida na maioria dos países, onde os trabalhadores só podem se aposentar a partir dos 60 anos.